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Ícone de Portugal, vinho verde volta reinventado e com diversidade de estilos

Tempo de Leitura: 7 minutos
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da redação DiárioZonaNorte

Os vinhos verdes, que tiveram seus dias de glória na década de 70, com os pioneiros Casal Garcia e Calamares – presenças obrigatórias em restaurantes portugueses e nos verões passados no Guarujá, estão de volta atualizados, com maior qualidade e maior diversidade de estilos.

Emblemático, o vinho verde pode ser branco, rose, tinto e espumante. Se antes os produtores dispensavam a indicação do ano de safra, hoje o vinho verde foi valorizado e tem excelentes exemplares com mais de cinco anos, estruturados, com frescor e perfeita evolução nos aromas e sabores.

Portugal é aqui

Nosso reencontro com o vinho verde aconteceu durante a ProWine São Paulo – a principal feira profissional do setor de vinhos e destilados da América Latina voltada ao segmento B2B, que aconteceu na cidade de São Paulo entre os dias 27 e 29 de setembro de 2022,  onde participamos da degustação privilegiada de alguns dos rótulos elaborados pela vinícola portuguesa PROVAM – representada no Brasil pela Casa Flora Importadora.

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João Marques – Diretor Comercial da Casa Flora Importadora e Renato Lutgens – Sommelier da Casa Flora Importadora

A participação da vinícola no evento brasileiro é parte do trabalho consistente desenvolvido pela Comissão Vitivinícola da Regional dos Vinhos Verdes (CVRVV), presidida por Dora Simões.  

Em números, a produção de vinho verde cresceu mais de três milhões de litros em 2021, mais especificamente 84,9 milhões de litros (2021), acima dos 81,8 milhões registados no ano anterior (aumento de 3,7%). Com exportação para 104 mercados, sendo o Brasil um dos mais importantes. 

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Débora Alkimm e Ewellyn Barotti – sommelieres da Casa Flora Importadora
Vinho Verde é Verde?

Não. Mesmo porque não se faz vinho com uva antes de atingir o ponto de maturação. A denominação Vinho Verde vem do fato destes vinhos serem produzidos dentro da Denominação de Origem Controlada (D.O.C.) dos Vinhos Verdes, no noroeste de Portugal. Como informamos no início da matéria, os vinhos verdes podem ser brancos, rosés, tintos e  espumantes. A região também produz fantásticas aguardentes vínicas.

Alvarinho, Arinto,  Pedernã, Avesso, Azal, Loureiro e Trajadura são as principais castas brancas. Entre as tintas temos Alvarelhão, Amaral, Borraçal, Espadeiro, Padeiro, Pedral, Rabo de Anho e Vinhão.

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Reila Criscia – Diretora da Anagrama Comunicação e Eventos, durante a prova do espumante Cotô de Momoelas – safra 2018 e sua linda cor dourada
D.O.C. Vinhos Verdes

A D.O.C Vinhos Verdes é uma das mais antigas de Portugal, com aproximadamente 110 anos e ocupando cerca de 34 mil hectares ou 15% da área vitícola nacional. Localizada na província do Minho no noroeste do país,  entre os rios Douro e Minho, contando com nove sub-regiões: Amarante, Ave, Baião, Basto, Cávado, Lima, Monção e Melgaço, Paiva e Sousa.

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A região já foi chamada de “os jardins de Portugal”, onde a cor verde em suas mais variadas matizes predomina em razão do clima úmido e alta incidência de chuva. O solo é de natureza granítica e o clima ameno, graças à proximidade do oceano Atlântico.

Ali são produzidos aproximadamente de 100 milhões de litros de vinho ao ano, sendo 60% brancos e outros 40% divididos entre roses e tintos. A região engloba 35 mil produtores, quase todos muito pequenos, já que 90% das propriedades agrícolas tem menos de cinco hectares.

Vinho verde com estilo

Degustamos cinco dos vinhos elaborados pela PROVAM. A prova foi conduzida por João Marques – Diretor Comercial da vinícola – que nos apresentou o trabalho do enólogo Abel Francisco Codesso.

Alvarinho – a mais nobre das castas brancas portuguesas impera, dando vida a vinhos de notável vocação gastronômica, incríveis se bebidos jovens e extremamente beneficiados pelo envelhecimento e tempo de guarda, mantendo o frescor e ganhando complexidade aromática e gustativa.

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Abel Francisco Codesso – enólogo da PROVAM

Alvarinho é uma uva branca, original da sub-região de Monção e Melgaço,  que se adapta aos mais diferentes terroirs portugueses, onde o clima permite que a fruta se desenvolva plenamente, atingindo o máximo de seu potencial.  De cachos pequenos, casca grossa (responsável por fazer com que a uva suporte o frio), polpa carnuda e com muitas sementes, a Alvarinho origina vinhos verdes elegantes, de aroma intenso, relativamente mais alcóolicos, frutados, longevos e mais encorpados do que as outras variedades brancas  do Minho.

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Alvarinho

A casta tem afinidade com fermentação em barricas de carvalho e maceração pelicular com bâtonnage (técnica de movimentação do mosto com o auxílio de um bastão — em francês, chama-se bâton),  dando ainda mais estrutura ao vinho.  Codesso ainda utiliza a Alvarinho em blends com a casta Trajadura, elaborando vinhos diversificados e de alta qualidade. A PROVAM investiu em tecnologia, de forma a potencializar o valor enológico das castas.

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Processo de vinificação

Vinificação é o processo que transforma as uvas em vinho. Para potencializar o valor enológico das castas com as quais elabora seus vinhos, a PROVAM investiu em tecnologia.  A mágica começa quando as uvas inteiras são suavemente prensadas para a extração do mosto, que passa por um processo de clarificação a 12ºC durante 48 horas e fermentado em tanques de aço de inox – com temperatura controlada.

Terminado este processo o vinho passa pela técnica de amadurecimento sobre borras finas, conhecida como sur lie, por no mínimo seis meses em tanques de inox ou barricas de carvalho, com bâtonnage semanal até que o vinho atinja a complexidade desejada  pelo enólogo.

Gabriela Caputo (@mylifewithwine), José Magalhães Filho (@docmantiqueira), Mariana Benvenido (@feelthewine), Reila Criscia – diretora da Anagrama Comunicações e Eventos e João Marques – diretor comercial da PROVAM
Degustação

A seguir, nossas percepções sobre os rótulos degustados:

Moço da Ponte – Safra 2021

De cor amarelo palha, é produzido a partir das castas Alvarinho, Trajadura e Loureiro. Muito elegante no nariz e no palato, apresenta aromas frutados e florais. Em boca é muito harmonioso, gastronômico e revela grande frescor. Graduação alcóolica: 11%

Vinha Antiga – Safra 2019

Edição Limitada de apenas 6 mil garrafas.  100% Alvarinho, fermentado e estagiado em barricas de carvalho francês. No nariz, aromas de marmelo e laranja, com notas de baunilha. Em boca, textura sedosa e untuosidade, terminando longo e amanteigado, sem peder frescor.  Evoluiu muito bem com o tempo.  Graduação Alcóolica: 13%

Varanda do Conde – Safra 2021

Um vinho com a personalidade da Alvarinho e a suavidade da Trajadura.  De cor amarelo-citrino e reflexos dourados, apresenta aromas delicados de frutas tropicais frescas como abacaxi e manga, com notas de maçã.  Em boca, é seco, encorpado, com boa acidez e final prolongado. Preferencialmente, de acordo com o produtor, deve-se ser bebido no período de dois anos após sua produção.  Graduação alcóolica: 12%

Portal do Fidalgo Avarinho – Safra 2006

Medalha de bronze na edição 1999 no concurso The International Wine And Spirit Competition. 100% Alvarinho,  um vinho que evoluiu muito  bem com o tempo. No visual apresenta coloração dourada. No nariz apresenta aromas de frutas maduras como pera, marmelo e mel. Em boca apresenta complexidade e estrutura, equilibrado, cheio de frescor, com notas de frutos secos. Tem ótima textura, acidez vibrante, final persistente e cheio de mineralidade.  Graduação alcóolica: 12,7%

Côto de Mamoelas Brut  Super Reserva – Safra 2018

Um dos grandes premiados no concurso 50 Great Sparkling Wines by Wine Pleasures 2021 – atingindo 95 pontos e Medalha de Ouro.

Espumante 100% Alvarinho, produzido com o mosto lágrima (sem prensagem) e estágio de 24 meses em garrafa onde o enólogo conseguiu a perfeita harmonização da casta Alvarinho com o tradicional método  Champenoise. Visualmente tem cor citrino clara e reflexos de dourado, elegante e intensa.  No nariz, aromas de frutas maduras com notas de limão, laranja, leves nuances de figo e alguma tosta. Perlage incrivelmente elegante mas intensa, múltiplos sabores secundário.  Muito fresco e leve, na boca revela boa cremosidade, um elegante frescor e acidez muito convincente. Graduação alcóolica:  13%

Uma jovem senhora

Com 30 anos de história, a PROVAM– sigla de Produtores de Vinhos Alvarinho de Monção é uma sociedade formada por 10 sócios produtores de uvas, estabelecidos em Monção e Melgaço – vilas com mais de 700 anos de história, que formam uma das nove subdivisões da Região Demarcada dos Vinhos Verdes,  famosa por produzir os melhores Alvarinhos do país.

Pioneira no estudo da evolução dos vinhos da casta Alvarinho, possui uma capacidade instalada de 510 mil litros para vinificar as uvas dos sócios e as de um grupo selecionado de pequenos viticultores, que já fornecem para a vinícola há mais de 20 anos, tendo grande parte dos seus vinhedos idade superior a 30 anos.

Inclusão

Recentemente os rótulos dos vinhos elaborados pela PROVAM cumprem um importante papel inclusivo, ao utilizar a escrita em braille – sistema de leitura tátil, em parte de seus rótulos, tornando seus produtos acessíveis a todos.  De acordo com o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, cerca de 6,5 milhões de pessoas tem algum tipo de deficiência visual severa.

Serviço:

PROVAM-Produtores de Vinhos Alvarinhos de Monção 

  • Endereço: Cabo – Barbeita –  4950-045  – Monção – Portugal
  • E-mail:  [email protected]
  • Telefone: +351 251 534 207
Casa Flora Importadora e Distribuidora

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