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Editorial: O tempo passou e o “chefe da cidade” retorna ao seu trabalho

Tempo de Leitura: 5 minutos
da Redação DiárioZonaNorte 
Editorial

Foram mais de 10 dias de inércia em ações da Prefeitura de São Paulo. O prefeito eleito Bruno Covas (PSDB), ainda se tratando de um câncer — inclusive com sessões diárias pela manhã de radioterapia no Hospital Sirio Libanês –, foi conduzido por seus médicos para uma licença de dez dias, em casa, enquanto o seu vice Ricardo Nunes (MDB) assumiu interinamente o posto, em 19 de janeiro.

Na verdade, o retorno do prefeito deveria ocorrer na 6ª feira (29jan2021), com os dias corridos – sábado, domingo e feriado. Mas ele emendou dois finais de semana e até viajou para o Rio de Janeiro (de jatinho emprestado?) para assistir a final da Libertadores da América, entre seu time Santos FC e o Palmeiras, no sábado (30jan2021) — conforme foto da capa que veiculou nas midias sociais.

No período da licença médica de Bruno Covas, o vice-prefeito Ricardo Nunes, “no exercício do cargo de prefeito” deu sequência a muitas reuniões internas, classificadas de despachos com secretários, chefe de gabinete, subprefeitos até vereadores, sem que nada tenha sido revelado dos assuntos e das conversas. Não se expôs nos eventos públicos e nem visitou obras semiacabadas.

Nestes encontros internos na sede da Prefeitura, certamente deve ter havido muitos “tapinhas nas costas”, “piadinhas” e “risadas” de situações diversificadas, que ficaram à distância de reais benefícios à população de uma metrópole de 12,5 milhões de habitantes, com seus vários problemas em muitos bairros carentes de serviços. Além disto, vivendo um momento delicado na saúde e na economia dentro do Plano São Paulo – sem contar os desastres das chuvas, conforme reclamações de leitores.

No mês de seus 467 anos — completados no último dia 25 de janeiro –, a cidade de São Paulo mostrou-se parada, sem ações do governo municipal. Nada está sendo realizado, na prática, e aos olhos dos munícipes —  a não ser as “obras inúteis e intermináveis” do Vale do Anhangabaú que passam de R$105 milhões para entregar de “mão beijada” à iniciativa privada.

Como já exposto em editorial anterior (clique aqui e releia), a cidade mostrou serviços no final do segundo semestre do ano passado, por causa da busca de votos para reeleição do prefeito. Veio a posse para o novo mandato e nada se viu “na prática” de realizações. Nem mesmo passeios em obras ou inaugurações, lembram relatos de leitores deste jornal.

Como foi observado, até uma coletiva de Imprensa nas áreas da saúde e da educação, foi com a presença simbólica do vice-prefeito Ricardo Nunes, que substituiu o prefeito e teve a escolta dos secretários – que, na verdade, foram o foco das atenções.

A partir de 19 de janeiro (3ª feira), o vice-prefeito apareceu oficialmente posto como prefeito interino — clique aqui e leia a nota publicada no Facebook. E as agendas diárias continuaram no mesmo esquema. Nada de relevante fora do prédio da Prefeitura de São Paulo, nem mesmo em pequeno evento improvisado no calçadão do Viaduto do Chá.

No horário de 10 da manhã até 5 horas da tarde, em todo o período de substituição foram mais despachos internos com auxiliares, subprefeitos, secretários, vereadores e Chefe de Gabinete. Foram encontros fechados e com assuntos não revelados, que nem foram expostos em notas e fotos. Total falta de transparência.

Excepcionalmente, o prefeito interino compareceu, às 9 horas da manhã do dia 20, em local fechado de uma UBS de Parelheiros (que, diga-se de passagem,  é seu reduto eleitoral na Zona Sul), durante a vacinação contra a Covid-19 para indígenas. No dia seguinte (21), esteve na posse do ministro do Tribunal de Contas do Município (TCM), que aconteceu às 9 horas da manhã.

Emendando o descanso do sábado e do domingo, na 2ª feira dia 25, aniversário da cidade,  respeitando o feriado teve o único compromisso do dia ao comparecer na missa da Catedral da Sé. Acrescenta-se também uma entrevista por telefone a uma emissora de rádio.

Na semana de encerramento de seu estágio no gabinete do prefeito de uma das maiores cidades do mundo, a agenda estampou, mais uma vez, os despachos internos da 3ª feira (26). E, de última hora, foi acrescentado posteriormente um novo compromisso: às 18 horas, em seu território na Zona Sul, deu-se uma visita à Exposição “Retratos de Santo Amaro”, onde o próprio vice-prefeito (e ex-vereador) foi retratado em quadro de uma artista plástica, com direito a fotos ao lado dela e de outros participantes, que foram publicadas pela Secretaria Especial de Comunicação-Secom.

Não fugindo à regra, no dia seguinte (4ª feira – 27), o prefeito interino Ricardo Nunes teve uma agenda novamente lotada de despachos internos com vereadores. Mas ele resolveu acrescentar um horário extra e, às 19 horas, constava na agenda uma visita ao vereador Milton Leite (DEM), que é novamente o presidente da Câmara Municipal –— e esteve afastado por ter sido internado no Hospital Albert Einstein, após ter contraído Covid-19, e já estava em alta.

Em seu penúltimo dia como prefeito interino, na 5ª feira (28), Ricardo Nunes participou de uma das raras saídas externas — mas em recinto fechado, sem aparecer em público — ao visitar o Centro de Gerenciamento de Emergências Climátcas (CGE) da Prefeitura de São Paulo. Em seguida, dirigiu-se ao gabinete para despachos e reuniões internas.

E finalmente chegou a 6ª feira (29), que já deveria ter registrado o retorno do prefeito, mas o  vice-prefeito permaneceu como prefeito interino e manteve os despachos internos e reunião com secretários. E, como de praxe, nada foi divulgado sobre os assuntos.

Com uma nova semana e entrando no segundo mês de seu governo, o prefeito Bruno Covas retornou e espera-se que possa dar um novo ritmo na cidade. Há inúmeras questões para soluções ou, pelo menos, dar andamento ao que ficou parado na zeladoria dos bairros (muito mato, muitos buracos, asfalto e calçadas não concluídos, obras paralisadas, enchentes e uma série de reclamações de leitores – sem contar as críticas em mídias sociais e grupos de WhatsApp) e até acertos nas subprefeituras que continuam com os mesmos dirigentes sem ações nos bairros – e, nos bastidores, uma “richa” de vereadores para abocanhar interesses nos “feudinhos” dos bairros.

Tem até subprefeito exonerado (que vai completar um mês e continua com seu nome estampado na relação do Diário Oficial da Cidade) e foi substituído por uma funcionária na Subprefeitura de Santana / Tucuruvi/ Mandaqui – onde o Chefe de Gabinete, na hierárquia nem foi  convocado; e tem outro caso de um funcionário que substituiu o subprefeito “de férias” também da Zona Norte que, por lei, nem mesmo teve editais do prefeito oficialmente publicados no Diário Oficial. Imagina-se o que pode ter acontecido em outras 30 subprefeituras na cidade.

Enquanto tudo isto acontece, dá-se a impressão que o mundo parou (não só por causa da pandemia), mas nas ações do governo municipal. São inúmeras reclamações de leitores, que buscam transparência e responsabilidade nas ações.

Não se vê destaque às ações das Secretarias (a não ser com a da Saúde por causa do momento que vivemos), Subprefeituras e órgãos municipais. Tanto é que as páginas no site oficial continuam publicando notícias frias encaminhadas pela Secretaria Especial de Comunicação (Secom), com limpezas de túneis, mudanças de itinerários de ônibus, informações metereológicas e outras notas sem grande importância, de imediato, aos munícipes.

Tudo indica que, depois dos dias de licença médica — que não respeitou o feriado e os sábados e domingos — o prefeito da maior cidade da América Latina volte revigorado para as suas funções — mesmo depois de seu time ter perdido o título de campeão na Libertadores da América.

Os leitores e moradores da Zona Norte — e, é claro, de toda a cidade de São Paulo — ficam à espera de uma efetiva retomada com o retorno do Sr. Prefeito Bruno Covas, com plena saúde e boa vontade de dias melhores. E aí todo poderão desejar um Feliz Ano Novo, apesar das restrições!


(*) Nota da Redação:  A Redação do DiárioZonaNorte solicitou, na 4ª feira (27jan2021), esclarecimentos à Prefeitura de São Paulo sobre o período de licença médica do prefeito — que normalmente conta-se por dias corridos. Alegando muito serviço em home-office, “em mais de 100 demandas”,  a Secretaria Especial de Comunicação-SECOM – que cuida da Comunicação da Prefeitura e do prefeito – levou mais de 12 horas sem entender o questionamento “10 dias corridos ou 10 dias sem contar o sábado, domingo e feriado – chegando a 13 dias”.  Assim mesmo respondeu depois de ter sido cobrada várias vezes e ainda informou “teria que esperar o retorno do prefeito”. E nada esclareceu, posteriormente, até o presente momento do fechamento deste texto.


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