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O inverno chegou e preocupa a frágil saúde dos moradores do Vale do Rio Cabuçu

Jardim Brasil e a nevoa de todo o Vale do Rio Cabuçu
Tempo de Leitura: 7 minutos

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<<Artigo/ Meio Ambiente>> === por José Ramos de Carvalho (*)

Quando observamos as estações do ano,  logo pensamos na primavera com os seus recantos em flores, os pássaros, a alegria das cores, e vivemos uma espécie de um quadro festivo.

Mas nos movimentos naturais igualmente temos o inverno, onde ficamos mais recolhidos e a cidade se fecha em seus cenários cinza, e as folhas se espalham pelas ruas e calçadas aparentemente queimadas.

Mas, na verdade, fazem parte da grande renovação da vida natural e o famoso “aconchego” em família, com o “quentinho dos cobertores” e a preguiça da manha. As viagens turísticas para os cantos mais gelados na esperança de esperar o Sol do inicio da manha com o horizonte vermelho, além de observar o orvalho no gramado branquinho.

Assim, inicia nesta 3ª feira (21/06/2022), às 6hs14, a nova estação do  “inverno.  E como desfrutar em tempos tão difíceis para uma imensa população de “Refugiados Urbanos”, à beira da fome e com o frio do gelado concreto das calçadas.

Como parar no semáforo e observar crianças em tamanho descaso esperando às vezes os restos dos restaurantes, ou do amor fraterno daqueles que invadem a noite distribuindo roupas, sopas quentinhas e falando de esperança sobre as vertentes religiosas.

Mas o inverno não aceita agressões, visto que diferente das outras estações se torna a “Caixa Registradora”, as quais nos impõem o famoso “Débito Automático” das nossas transgressões junto ao meio ambiente. Porque o inverno coloca imediatamente em nosso “carinho de compra” escondida a baixa umidade relativa do AR (UR), pois observamos tão somente a baixa temperatura.

O inverno nos tira do foco a real espada que dilacera os nossos pulmões, gargantas secas e amargas do enxofre que respiramos. O nariz sangrando e as dores noturnas daqueles que suplicam por ar para respirar,  em especial idosos e crianças afetadas em seus aparelhos respiratórios.

Por isso, devemos nos hidratar e colocar as nossas “toalhas bem úmidas” do lado do leito do quarto, não gasta energia e disponibiliza boa umidade.

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O mal no Vale do Rio Cabuçu

O Vale do Rio Cabuçu onde respiramos o ar de um “buraco geográfico” de 21 km2 nos impõem este cenário e atinge a todos: pobres, classe média e alta. Este “lixo fino” é invisível, mas letal que invade as suas cozinhas, salas, quartos, escadas, e as alturas de seus apartamentos.

E, infelizmente, neste nosso Vale do Rio Cabuçu ampliou-se os nossos volumes de poluição de elementos químicos suspensos e inertes, pois já podemos “ensacar”. Acredite! E somente recolher em nosso beirais escorrendo o preto do “enxofre”, lajes, quintais e telhados.

Nesta nossa implacável equação já tínhamos o “X”  que são as rodovias: Pres. Dutra e Fernão Dias com  os seus tráfegos acima de milhares de veículos e caminhões/hora. E, por outro lado, a já conhecida emissão diária dos caminhões estacionados a borda das rodovias.

Ali ficam à espera, em sua maioria com seus motores ligados,  entre 5 e 9 horas e depois  entre 17 e 21 horas, para adentraram na cidade pelas vias marginais. Desta forma,  já contabilizamos também este encarceramento,  sem estudo nenhum por parte dos órgãos públicos de perfil ambiental. Nem mesmo a  própria Secretaria Municipal de Mobilidade e Transportes afixando placas de orientação para “desligarem os motores”.

E o “Y” é a questão do Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos/SP, com centenas de voos/dia despejando e agregando toneladas de elementos químicos derivados da queima de combustível de aviação misturando tudo numa espécie de “liquidificador”.

E agora vamos ganhar o “Z”, que ainda de largada antecipou as suas agressões ao meio ambiente e a saúde de milhares de paulistanos aqui deste nosso “Buraco Norte”. E como suspeitamos ao analisar em 16/06/2022 entre 14:50 e 15 horas.

O inverno não manda recado é de fato cruel porque ele afeta a todos sem distinção, mas antes devemos abrir um parênteses para a compreensão do que significa “Baixa Umidade Relativa do Ar”. É algo que o inverno realiza ardilosamente, por exemplo,  o Deserto do SAARA — aquele famoso dos filmes — onde literalmente descasca o aparelho respiratório de todos os seres vivos,  fica normalmente entre 10% e 20% de Umidade Relativa do AR.


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Revista USP/Fapesp


Reflexos do tempo na Zona Norte

E agora aqui no município de São Paulo, distante em 8.263 quilômetros do centro do Deserto do Saara, vamos expor e comparar a Umidade Relativa do Ar, conforme as Estações Metereológicas das Subprefeituras do entorno do Vale do Rio Cabuçu. Como detalhe foi necessário avaliar as direções dos ventos igualmente creditada nas estações oficiais — onde a própria “Defesa Civil” tem a obrigação de ficar atenta inclusive promovendo “lockdown”  e parando tudo que for necessário.  Percorrendo o vento que vai passar pelo item “Z” desta “equação maléfica” –  conforme as estações no dia 16/06:

Estações: Dia: Hor.(s): UR (%) Temp. Direção/Vento – RV
Itaquera 16/06 15:00 28,75 27,04 N/T – Não tem.
Formosa 16/06 15:00 26,89 25,78 N/T – Não tem
Penha 16/06 15:00 27,36 25,59 193 – SSW
Tremembé 16/06 15:00 29,04 26,15 299 – NW
Freguesia do O 16/06 15:00 29,76 25,04   35 – NE
Santana /Tucuruvi 16/06 15:00 25,45 25,36 309 – NW
Vila Maria 16/06 15:00 28,21 25,77 N/T – Não tem

UR – Umidade Relativa do AR   – N/T – Instrumento Técnico de Monitoração do Vento e Direção – RV – gráfico numerado – identificar a direção – Rosa dos Ventos – referencia – Serra da Cantareira (Norte).


Observando os dados podemos concluir que houve algo que precisamos de análise de especialistas em climatologia e saúde pública. A dificuldade para observar a origem foi porque as estações de Vila Formosa, Vila Maria e Itaquera não tem instrumentos de “medida e direção” dos ventos.

Com estas estações completas poderíamos avaliar  a  origem de expor entre 14:50  e 15 horas tamanha agressividade de Baixa Umidade Relativa do AR sobre a região do Vale do Rio Cabuçu. E até atingindo a  região de Santana/Tucuruvi, onde o índice chegou a 25% e em média. E para todo o Vale  em 28%.

Esses níveis, segundo indicações médicas, proporcionam desidratação corporal, nariz com sangramento, pele e olhos irritados. Consequências de algumas das reações à baixa umidade: ressecamento da pele e de todas as mucosas, principalmente do trato respiratório, nariz, boca, laringe e pulmão. (*)


 

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Revista da USP/Fapesp

E,  neste caso, que os idosos sofrem e a boa hidratação é extremamente necessária. Já as crianças mais irritadas vão buscar o alivio com as inalações. É o momento a ser avaliado por especialistas, pois a função do gestor ambiental é “diagnosticar”, informando outros profissionais que atendam as expectativas de produzir soluções adequadas e identificando as origens para propor caminhos de neutralização deste impacto ambiental e de saúde da população.

Mas podemos perceber que o vento com direção nordeste passou por cima da obra com 200 mil metros quadrados de terraplanagem aberta no Vale do Rio Cabuçu (ver links das matérias já publicadas) —  e percebemos que nos dias da  estação com o “orvalho” e pequena garoa não tivemos umidades mais agressivas.

(*) É importante procurar orientação médica em Pronto Socorro, UBS, AMA e outros locais de saúde pública ao verificar os sintomas em referência acima. 


Muro com”Borra de Enxofre” – UBS Edu Chaves – 15/08/2012 – Estaçao de Inverno..


As providências urgentes e necessárias

Sem duvida precisamos urgente que o município coloque os instrumentos que faltam nas estações mencionadas acima. Ao mesmo tempo, Secretaria de Governo Municipal e a Secretaria Executiva do Clima possam de fato contribuir nesta análise. Porque a 8263 Km do centro do Deserto do Saara, o Secretario Pinheiros Pedro tem um “diagnóstico” no mínimo instigante a observar o caráter urgente, já que este esperto inverno não leva desaforo para conta democrática do meio ambiente.

Na verdade, o inverno mata e dilacera a nossa saúde. E não desejamos nem comentar sobre arborização do Vale do Rio Cabuçu diagnosticada com 0,003% de árvores de todo o município de São Paulo, que será igualmente um diálogo importante por conta da aprovação do Plano Municipal de Arborização Urbana — PMAU, que entrará em um próximo capítulo.

Com respeito ao “Projeto Cabuçu”, é bom lembrar que em recente palestra da arquiteta Laura Ceneviva, da Coordenação do  Plano de Ação Climática (PanClima)  da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente  (SVMA)  —  e mencionado os devidos créditos ao médico patologista Dr. Paulo Saldiva e orientação da bióloga Profª Drª. Regiani Carvalho, diretora do Departamento de Poluição Atmosférica/Faculdade de Medicina da USP —  foi demonstrado que o bairro do  Jardim Brasil figura entre os mais poluído do município de São Paulo. O estudo finalizado em março de 2016,  classificou o bairro com a “medalha de ouro” neste infeliz quesito.

Ver matérias relacionadas publicadas pelo DiárioZonaNorte:

  • Desastre ambiental: construções na Várzea do Cabuçu jogam fora U$ 90 mi em dinheiro público, provocando enchentes na Z. Norte – 10/04/2022 – clique aqui
  • Meio Ambiente: Trágicos “Moinhos de Ventos” da Bacia do Rio Cabuçu de Cima – 06/06/2022 – clique aqui

Serviço
Associação Paulista dos Gestores Ambientais- APGAM
  • Rua Heitor Iglésias Cambaúva, 38 – Parque Edu Chaves – Zona Norte/São Paulo
  • Telefone: 11.94342.8869
  • E-mail da Agenda 21 do Vale do Rio Cabuçu (Hoje Agenda 2030):                                agenda21 [email protected]
  • Grupo de Whatsapp: 11.96347.4281

(*) José Ramos de Carvalho – acima de qualquer suspeita, um legítimo cidadão nas questões ambientais da Zona Norte. Ativo participante de reuniões dos Conselhos Participativos Municipais, Conselhos Comunitários de Segurança-CONSEGs, Audiências Públicas e outras. É gestor ambiental e vice-presidente da Associação Paulista dos Gestores Ambientais- APGAM, além de conselheiro no Conselho Regional de Meio Ambiente Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz (CADES), no local (Região Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros) e do CADES-Central/Prefeitura de São Paulo.


Nota da Redação: O artigo acima é totalmente da responsabilidade do autor, com suas críticas e opiniões, que podem não ser da concordância do jornal e de seus diretores

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