festival do amor
<< Crítica/Cinema>> == por Aguinaldo Gabarrão (*)
O diretor e roteirista Woody Allen lança sua 49ª produção – é quase um filme por ano – e segue sua caminhada com esta nova história, abordando temas e dilemas que sempre nortearam a sua vasta filmografia em quase seis décadas: religião; sexo; o sentido da vida; o medo da morte e, certamente, seu inconfessável amor ao cinema.
Prova dessa coerência artística é o filme “O Festival do Amor”, mesmo que o resultado não seja sensacional. O crítico Mort (Wallace Shawn) decide viajar para a Espanha com sua esposa Sue (Gina Gershon) para o Festival de Cinema de San Sebastián.
Durante o evento, ele começa a desconfiar que Sue está tendo um caso com um charmoso diretor de cinema francês. A partir daí, seus dilemas e inseguranças o levam a vários questionamentos existenciais e, ele próprio, se vê apaixonado por outra mulher.
Logo nos primeiros minutos, a ironia de Allen aparece quando o casal adentra num dos locais do festival destinados às entrevistas. É um desfile de comentários pouco inspirados e que revelam as frivolidades de gente que fala de cinema, sem entender do métier.
Clássicos revisitados com humor
As mesmas alfinetadas o crítico de cinema Mort – o alter ego de Allen – desfecha em cima do candidato a diretor queridinho do festival. É a crítica do diretor ao status quo. Mas, o filme é muito mais. Mort, interpretado por um experiente Wallace Shawn, está deliberadamente apagado em sua interpretação, o que provoca no público o questionamento: o que essa mulher viu nesse cidadão?
Assista ao trailer – clique na imagem abaixo:
Mas é isso exatamente o que Allen quer, porque a vida, por mais que busquemos explicações, tem seus mistérios. E assim, logo aparecerá a fulgurante médica em seu caminho. É perfeitamente improvável, mas factível.
E ao ver sua esposa envolver-se com o diretor bonitão, Mort começa a ter devaneios e sonhos que reproduzem suas angústias pessoais sobre seu relacionamento com a esposa e o sentido de sua vida.
E nesses momentos, o público é presenteado com referências divertidas de filmes clássicos como “Cidadão Kane” (Orson Welles), “O Anjo Exterminador” (Luis Buñuel), “Oito e Meio” (Federico Fellini), “Persona” e “O Sétimo Selo”, estes dois últimos do mestre Ingmar Bergman.
Se Woody Allen homenageia o cinema, não deixa de criticar o atual cinema que se faz, descolado de um compromisso estético e sem relevância, mais preocupado em fazer bilheteria para um público de adultos infantilizados do que tocar a alma dos espectadores.
Serviço
O FESTIVAL DO AMOR
- Título Original: Rifkin’s Festival
- Gênero: Comédia
- País: Espanha, EUA, Itália
- Classificação: 14 anos
- Duração: 88 minutos
Ficha Técnica
- Elenco: Wallace Shawn, Gina Gershon, Louis Garrel, Elena Anaya, Christoph Waltz, Michael Garvey, Damian Chapa, Bobby Slayton.
- Direção e Roteiro: Woody Allen
- Direção de Fotografia: Vittorio Storaro
- Produção: Erika Aronson, Letty Aronson, Jaume Roures
- Produção Executiva: Lorenzo Gangarossa, Mario Gianani, Lorenzo Mieli, Javier Mendez
- Distribuição: Imagem Filmes
- Divulgação: Sinny Assessoria e Comunicação
(*) Aguinaldo Gabarrão – ator e consultor de treinamento corporativo. Um eterno colaborador do Diário Zona Norte.
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