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Os “albergues” da cidade e na Zona Norte devem entrar em debate sem proselitismo

Moradores fazendo manifesto na Av. Marginal/Dutra
Tempo de Leitura: 4 minutos

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por Beto Freire (*) — Artigo n. 14– < Cidadania >

A mudança de endereço do Albergue na região da Vila Guilherme/Carandiru, na Avenida Zaki Narchi — conhecido oficialmente como Centro Pop I e II  Zaki Narchi  — ao lado do Shopping Center Norte, tem causado debates acalorados e protestos em nossa região. O secretário do Desenvolvimento e Assistência Social (SMADS), Sr. Carlos Bezerra Jr. — que também é vereador licenciado –, insiste em fazer implantação de novos equipamentos sem discussão ampla com a vizinhança.

A SMADS pretende levar os 900 albergados da Zaki Narchi para longe do complexo Center Norte, e também do trasporte público de massa. Atualmente esse equipamento  é vizinho das Estação Carandiru e do Terminal Metrô Santana.

A justificativa para essa mudança e implantação de mais Centros  Temporários de Acolhimentos (CTAs) é a construção de prédios, em toda a quadra do terreno onde está o albergue,  que em breve receberá a construção de “residências sociais” — em frente aos prédios do Cingapura — (saiba mais sobre o terreno no link no final).

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Prédio alugado para receber o novo CTA-Pq.Novo Mundo
Basta implantar

O grande “perrengue” da implantação dos chamados CTAs é a degradação dos entornos, como não existe estudos de impacto sociais e econômicos, a discussão restringe às informações, com recaídas no proselitismo ideológico e religioso.

A questão é simples: a vizinhança não recebe nenhuma contrapartida governamental em segurança, saúde ou renda. O aumento da insegurança nos entornos de albergues é irrefutável.

A restrição para livre entrada das pessoas é outro ponto importante, pessoas com bebidas, drogas e “ficha corrida” na SMADS são rejeitados nas dependências do equipamento público. O comum é que esses preteridos façam morada nas calçadas próximas  aos prédios alugados desses albergues — os CTAs.

Com horários rígidos de entrada para a maioria dos albergados (após às 17 horas) e deixar o local no dia seguinte (entre 7 e 8 horas da manhã) são as regras.  O restante do dia, o albergado fica vagando pelo bairro ou no entorno do CTA,  um verdadeiro acampamento urbano com seus barracos improvisados. Sobrevive-se ali , sem água potável e banheiros para necessidades básicas. Durma-se embaixo da chuva, com Sol, calor ou frio — no verdadeiro ´´céu aberto´´.

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No entorno do CTA-14 na Av. Ten.Felicissimo – o primeiro do Pq.N.Mundo
Os locais e as contrapartidas

O critério usado para escolher locais também é muito polêmico, nos Jardins, por exemplo.  Alguém imagina um CTA na Rua Cuba ou Avenida Europa? Aparentemente moradores de rua e albergues são apenas problemas em bairro de classe média.

A política adotada para o entorno dos CTAs é inexistente, diminuir impactos no entorno desses equipamentos sequer entra na pauta de políticos e autoridades.

Investimentos para trazer empregos e renda para os albergados, é igual ao Gasparzinho, dificilmente alguém consegue enxergar….

Isenção de impostos para indústria, empresas e comércios para empregar essas pessoas?  Não tem nada além de promessas.

Revitalização de imóveis, e incrementos aos comércios no entorno dos Albergues? Outra política inexistente.

 

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Nova manifestação na 2a.feira (13/02) –Av. Marginal
Na prática, a teoria é capenga

Em resumo, aparentemente o CTA no campo imaginário funciona muito bem, na prática é péssimo. Nada além de um amontoado de pessoas, que tem um colchonete para parte da população de rua para engolir uma comida, ou sorver uma sopa rala,  tomar um banho rápido para fechar os olhos até a manhã seguinte.  E nenhuma porta de saída digna para que essas pessoas consigam alcançar êxito psíquico, intelectual e financeiro.

Nossos vizinhos não são hipócritas, aqui a grande maioria não utiliza proselitismo religioso para fazer política e/ou sustentar a família. Trabalhamos, pagamos impostos, sabemos o quanto é difícil receber um equipamento semelhante sem contrapartida na saúde, segurança,  oportunidades de emprego e renda.

Por outro lado, a população das Vilas não compactua com pichações, depredações e aporofobia, mas também não aceita papo-furado que não enche barriga de pobres, remediados e ricos…

Cabe aos governantes colocar o assunto na mesa, sem soluções obscuras, projetos secretos e discursos carregados de hipocrisia!  E para finalizar e aproveitando o ensejo: onde estão os dignos representantes do Povo?


Leia sobre o terreno na Av. Zaki Narchi:

  • Área ao lado do Center Norte receberá 2.210 unidades habitacionais populares – (05/01/2021) – clique aqui

E as matérias sobre o caso do CTA no Parque Novo Mundo:

  •    ´´Uma ação e outra reação, mas o destino do albergue no Pq. Novo Mundo é o mesmo – (13/02/2023) — clique aqui
  •   “Albergue da Zaki Narchi irá para o Parque Novo Mundo. Vizinhos são contra“- (01/02/2023) –  clique aqui
  •  ´´Prefeitura confirma Albergue na Av Serafim Gonçalves Pereira, no Parque Novo Mundo´´- (09/02/2023) – clique aqui

Beto Freire

(*) Beto Freire — Antonio Roberto Freire é o nome oficial, com batismo de família genuinamente portuguesa, nascido e criado na Zona Norte, nas bandas da Vila Guilherme e Vila Maria. Cronista das Vilas, é torcedor apaixonado pela Portuguesa de Desportos. Ele é um apaixonado pela Zona Norte, sendo ativo colaborador há muitos anos do DiárioZonaNorte — escreve às 3as.feiras.

Com olhar de ativista social, preocupado com a melhor qualidade de vida de todos os moradores, sem distinção,  já teve participações em muitas audiências públicas. Por outro lado, foi membro em gestões do Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG de Vila Maria, além da presidência da Associação dos Amigos do Parque Vila Guilherme-Trote (PVGT).


Comentários e sugestões: [email protected]


Nota da Redação: O artigo acima é totalmente da responsabilidade do autor, com suas críticas e opiniões, que podem não ser da concordância do jornal e de seus diretores.

 

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