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CONSEG Vila Maria passa a limpo questão de implantação de novos albergues

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Tempo de Leitura: 9 minutos

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 da Redação DiárioZonaNorte

  • É praxe deste jornal buscar as informações dos dois lados da notícia;
  • Sempre foram encaminhadas demandas à SECOM e Secretarias da Prefeitura;
  • Todas as informações são checadas e confirmadas antes da publicação; e
  • As fontes são de direito da informação e do veículo, mantendo o seu sigilo.

Os moradores da região da Vila Maria, Vila Guilherme e Vila Medeiros, na verdadeira Zona Norte (*),  continuam preocupados e apreensivos com o deslocamento  para a região de Centros Temporários de Acolhimentos(CTAs) para pessoas em situação de rua – ou seja, os chamados albergues – de responsabilidade da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Assistência Social (SMADS).

Além dos três albergues já em pleno funcionamento (dois no Parque Novo Mundo e um na Vila Maria) surgiu a notícia do quarto albergue, que provavelmente estaria sendo estudado para ser colocado em funcionamento na Rua Dom Luis Felipe de Orleans, na Vila Maria, próximo da Rodovia Presidente Dutra, sem estudos de impacto e sem comunicado prévio.

E novamente o assunto chegou ao Conselho Comunitário de Segurança Pública (CONSEG) da Vila Maria,  agora presidido pelo Pastor Samuel Montino Farias, que teve o assunto em debate na reunião da última 5ª.feira (29/06/2023), na auditório provisório da Igreja Resgate e Vida da Avenida Guilherme Cotching.

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Cerca de 60 pessoas ansiosas estavam na plateia, na presença de autoridades da Policia Militar e Policia Civil, que são os membros natos dos CONSEGs, junto a representantes da Guarda Civil Metropolitana, Subprefeitura, SP Trans, CET e Conselho Titular — além de muitos moradores acompanhando a transmissão online nas páginas do Facebook e Instagram — em busca de informações para tranquilidade das famílias. E a SMADS foi comunicada sobre a reunião e encaminhou a Assessora de Gabinete,  Marta Damasceno.

Na primeira parte da reunião foram debatidos assuntos ligados à segurança da região, com a principal fala do Comandante da 2ª Companhia do 5º Batalhão da PM, Capitão Trancoso.  A parte final foi reservada para o assunto do momento sobre os albergues. O presidente do CONSEG exibiu no telão um trecho da reportagem do DiárioZonaNorte, publicada em 13/06/2023 (ver link no final), que ficou fora do contexto.

A SMADS foi procurada

Na reportagem com o título “Zaki Narchi é despejado e albergados vão para a Vila Maria e Parque Novo Mundo”, o jornal citou fontes confiáveis junto com “informações extra-oficiais de funcionários da organização que administra os equipamentos”, dando conta de um novo albergue para ser implantado na Rua Dom Luís de Orleans, na Vila Maria. Mas antes da publicação, ainda no momento de apuração de informações, o DiárioZonaNorte procurou a SMADS para retorno de confirmação e outros detalhes.

No dia 11/03/2023, o DiárioZonaNorte encaminhou e-mail com dez itens (ver foto abaixo) de consulta à SMADS e à Secretaria Especial de Comunicação (Secom) da Prefeitura da Cidade de São Paulo – o que acontece sempre como norma da Redação–, solicitando informações sobre o novo albergue na Vila Maria.

Já na primeira pergunta foi colocado: “Está confirmado o novo CTA na Rua Dom Luis Felipe de Orleans, na Vila Guilherme?” E foi solicitado também informações sobre os outros albergues, quantidade de acolhimento, Organizações Sociais de coordenação e até citando os outros CTAs da Zona Norte. O jornal publicou a íntegra da resposta evasiva da SMADS na citada reportagem.

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O prazo para retorno do questionamento foi colocado para o dia seguinte (12/03/2023), às 14 horas. Com atraso, a SMADS respondeu com cópia para a SECOM, confirmando os albergues no Parque Novo Mundo (onde já existe o CTA-14 da Av. Tenente Amaro Felicíssimo da Silveira – desde 21/12/2017,  há 6 anos ) – e o da Av. Morvan Dias de Figueiredo, na Vila Maria.

O retorno das informações foi de modo geral e repetindo dados anteriores, mas sem responder o assunto principal no primeiro item referente ao novo albergue na Vila Maria —  que foi também reproduzido na reportagem, na íntegra, com a observação do jornal como “provável albergue”.

Sem uma resposta efetiva de não confirmação  — ou uma resposta mais direta e objetiva -, a SMADS deixou “em aberto” que o novo equipamento estaria confirmado na Rua Dom Luis Felipe de Orleans.

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Pelo princípio da ética jornalística, o DiárioZonaNorte buscou a parte envolvida no assunto, como sempre foi realizado pela Redação. E é também prática a colocação da origem das informações usadas em todas as notas e reportagens veiculadas, abrindo a responsabilidade de autores externos e dando credibilidade às verdadeiras notícias e suas fontes.

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Marta Damasceno, representante da SMADS
O povo pede transparência nos atos públicos

Em agosto do ano passado, houve as tentativas de instalar os albergues na Rua Margarino Torres, na Vila Maria, e Rua Zulmira, na Vila Medeiros, que receberam a reação contrária dos moradores e foram cancelados. Mas a SMADS não desistiu da intenção e colocou em funcionamento em dois novos endereços: Av. Morvan Dias de Figueiredo ao lado da Ponte da Vila Maria e, apesar de grande reação com protestos dos moradores (ver link no final) , o da Av. Serafim Gonçalves Pereira, 119, no Parque Novo Mundo.

Diante destes antecedentes e com a preocupação do quarto albergue na região, os moradores recorreram ao CONSEG da Vila Maria, com a presença da representante da SMADS, Marta Damasceno. Aproveitando a exposição do trecho da reportagem, no telão, a representante da SMADS, com sua voz rouca e tentando ser didática foi direto ao objetivo: “eu estou aqui para dar a informação oficial´´, e sem dizer abertamente, mas dando a entender, que o jornal produziu uma informação mentirosa, uma “fake news” — o que nunca foi realizado por este jornal.

Na sequência, ela diz que “para a gente passar uma informação tão séria, que vai afetar uma comunidade inteira…como essa sem confirmação, sem a devida checagem… sem que o jornal tivesse checado… teria visto que a informação estava errada”. A observação foi colocada, como uma lição de experiência jornalística, sem conhecimento e  sem nenhuma prova da informação publicada — mas com a intenção de induzir a plateia.

Sem novo albergue na região

E com todas as letras e de modo enfático, foi além:´´Não há serviço nenhum para implantar. Aqui não há serviço novo de Centro de Acolhida. O que vai ter aqui neste território chama-se Serviço de Atendimento para Crianças e Adolescentes (SAICA), em grupos de cinco pessoas”, acrescentou a representante da SMADS.

E, misturando os assuntos, colocou que o jornal em casos de albergues anteriores  deu vários endereços da vinda dos albergues na região, mas que era o serviço normal de uma funcionária da SMADS, acrescentando: ´´É aquela informação do telefone sem fio. E qual é o comprometimento que o jornal tem? Essa informação não existe. Dentro da SMADS não tem nenhum processo de CTA (albergue) aqui para a Vila Maria”. Neste ponto, informou que saiu um edital que a SMADS implantará nas 32 subprefeituras, locais de acolhida para seis pessoas em reconstrução de família  e em situação de trabalho.

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Local do Centro de Acolhida – Foto:Leitora/Mariana Lagoa
O povo quer explicações

Com informações desencontradas sobre funcionamento e das utilizações dos albergues, sem muito conhecimento, a representante da SMADS respondeu questionamentos da plateia. Um morador afirmou sobre a questão de mais pessoas nas ruas e o aumento da insegurança, que deveria ter um trabalho conjunto de trabalho entre as secretarias municipais.

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CTA da Av. Zaki Narchi que foi desativado

A resposta: “A SMADS responde pelo acolhimento. A Secretaria da Segurança é que responde por segurança e a da saúde pela área dela”. O morador ratificou a necessidade de ter um trabalho de integração entre a SMADS e os serviços de apoio principalmente na segurança.

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Albergue na Av. Morvan Dias de Figueiredo
Os serviços e as ações conjuntas

O ativista social Beto Freire, nascido e morador da região, colocou que o DiárioZonaNorte lembrou novamente que foi enviado uma nota à SMADS querendo confirmação de mais albergue e não houve o desmentido. E que a Prefeitura junto com a SMADS não veio fazer anúncios da colocação dos albergues.

Freire fez a colocação: “Se não puder confiar em informação de jornal, onde o morador pode buscar a informação correta?”. E ainda fez menção à questão da saúde e porque não vem junto com o novo albergue a ampliação do Hospital Vermelhinho, que há 40 anos está do mesmo jeito, ou mais uma UBS. Por que não vem tudo junto?

A representante da SMADS insistiu na resposta colocada anteriormente: “a informação deveria ter sido muito melhor averiguada porque para dar uma informação dessa tem que ser muito clara que é real”. Desta forma, uma resposta sem conhecimento de causa já que o jornal levou o pedido para retorno da SMADS, que teve a oportunidade de confirmar ou desmentir, com transparência. – e nada fez.

O ativista social Beto ainda insistiu a “SMADS não nega o novo albergue na Vila Maria, já que o jornal fez a pergunta específica: Na rua Dom Luis vai ter albergue?”. Ele lembra que a SMADS não respondeu à questão. E a representante da SMADS desvia o assunto: “Eu estou aqui para esclarecer. Posso garantir para vocês que não haverá albergue aqui”´.

E voltou a repetir que a SMADS trata dos serviços da assistência social e não tem serviço de saúde; são serviços separados e cada um trabalha em sua gestão. Mostrou que as Secretarias tomam decisões separadamente sem um trabalho conjunto.  E se contradisse: “Se o estudo de vulnerabilidade mostrar, poderá haver sim outros albergues na região”

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Prédio alugado para receber o 2º CTA-Pq.Novo Mundo

O presidente da Associação dos Moradores do Parque Novo Mundo, Nilo, foi ao microfone afirmando que a região já tem dois albergues e que não foi feito o levantamento de impacto. Lembrou que já existe uma cracolândia no bairro, à beira da Rodovia Dutra.

Ele lamentou que junto com os albergues não vieram um Centro POP, um CAPS, não tem uma nova UBS… enquanto o Hospital Vermelhinho está sobrecarregado. E que é preciso tratar esse pessoal de vulnerabilidade e nada veio junto para a região. “Hoje o local está inseguro. E  para a  SMADS é muito fácil: coloca ali e tudo bem! E como fica?”, concluiu.

E a representante da SMADS insiste no Estudo de Vulnerabilidade, que pode ser pesquisado pelos moradores,  mas disse “que há as ações da SMADS e as ações das outras secretarias, quando se inicia um processo as secretarias recebem a informação”. Depois ela acrescentou que a legislação não permite um trabalho conjunto de todas as secretarias.

Já no final da reunião, uma senhora quer saber sobre atividades dentro do albergue e a representante da SMADS sugere que a moradora vá conhecer o albergue. Neste momento, o presidente do CONSEG, pastor Samuel, fica em pé e relata: “Eu fui fazer uma visita ao albergue, e se identificou, mas o segurança não pode permitir a entrada. Ele foi consultar a direção. Depois de um tempo,  apareceram duas assistentes sociais, que informaram que não podia dar o acesso”.  Indagadas  sobre o motivo e a resposta: ´´o senhor é autoridade… e autoridade não pode entrar”. O presidente do CONSEG indagou: “se eu for morador de rua posso entrar?”,  o que elas responderam que aí sim. O pastor Samuel disse que existiu uma inversão de valores.

A representante da SMADS disse que lá é um serviço público, que não pode haver impedimento. E justificou que depende do momento dos serviços no albergue, o banho por exemplo, e que os funcionários não podem receber visitas, o que pode atrapalhar as atividades internas.  E sugeriu que se envie um pedido à SMADS para marcar um dia e ter acompanhamento no local.

Depois de uma hora e meia de reunião, o pastor Samuel fez as considerações finais e pediu o apoio dos moradores nas ações do CONSEG, que tem novo encontro no dia 27 de julho, sempre na última 5a.feira do mês.


(*) O DiárioZonaNorte classifica a verdadeira Zona Norte com os distritos de Casa Verde/Cachoeirinha/Limão, Santana/Tucuruvi/Mandaqui, Jaçanã/Tremembé e Vila Maria/Vila Guilherme/Vila Medeiros — e seus bairros. Dentro dos pontos cardeais, o restante pertence à Zona Noroeste: Freguesia do Ó/Brasilândia, Pirituba/Jaraguá/São Domingos e Perus/Anhanguera.


Abaixo os links de todas as reportagens publicadas sobre o assunto:

  • Zaki Narchi é despejado e albergados vão para a Vila Maria e Parque Novo Mundo – 13/06/2023 – clique aqui
  • Moradores contra novo albergue no Parque Novo Mundo são chamados na Prefeitura – 10/03/2023 – clique aqui 
  • CONSEG Vila Maria debate o caso do novo albergue no Parque Novo Mundo – 24/02/2023 – clique aqui
  • ARTIGO: Os “albergues” da cidade e na Zona Norte devem entrar em debate sem proselitismo – 13/02/2023 clique aqui
  • Uma ação e outra reação, mas o destino do albergue no Pq. Novo Mundo é o mesmo – 13/02/203 – clique aqui
  • Albergue da Zaki Narchi irá para o Parque Novo Mundo. Vizinhos são contra 01/02/2023 – clique aqui
  • Vila Maria não tem “coração de pedra” e busca local apropriado para albergues – 11/08/2022 – clique aqui
  • Abaixo-assinado com 10 mil nomes cancela albergues na Vila Maria e na Rua Zulmira – 08/08/2022 – clique aqui
  • Albergue será transferido da Avenida Zaki Narchi para novo local na Vila Maria Baixa – 24/07/2022 – clique aqui
  • Tudo certo, nada resolvido: Vila Maria Baixa não receberá um albergue. Serão três – 28/07/2022 – clique aqui
  • No CONSEG, moradores revoltados com Centros de Acolhida da SMADS na Vila Maria – 30/07/2022 – clique aqui

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