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Albergue será transferido da Avenida Zaki Narchi para novo local na Vila Maria Baixa

Tempo de Leitura: 6 minutos

 

da Redação DiárioZonaNorte
  • O equipamento terá 200 vagas, vai funcionar 24 horas por dia e atenderá homens maiores de 18 anos, em situação de rua
  • O chamamento público foi lançado em maio de 2022 já em setembro estará funcionando
  • O imóvel fica na rua Margarinos Torres, na Vila Maria Baixa.

Em primeira mão  ==   Em maio de 2022 a Prefeitura de São Paulo, por meio da Supervisão de Assistência Social – SAS Vila Maria/Vila Guilherme, abriu chamamento público para transferência do Centro de Acolhida Zaki Narchi – POP II, que funcionava na Avenida Zaki Narchi nº 900   para a região da Vila Maria.

O chamamento foi publicado no Diário Oficial da Cidade de São Paulo, também em  maio de 2022 – com um custo mensal estimado em R$ 202.632,18– com duração de 5 anos – para atender 24 horas por dia,  400 homens maiores de 18 anos, que vivam em situação de rua, sendo 200 vagas no período diurno e outras 200 no período noturno.

Da Zaki Narchi para a Vila Maria

O local escolhido foi um imóvel, onde anteriormente funcionou uma gráfica, uma fábrica de calçados e uma mecânica, na Rua Magarinos Torres nº 558  na Vila Maria Baixa, há duas quadras da Rua Curuçá e da Avenida Guilherme Cotching.

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Mapa da região – Crédito: Google Maps

O mesmo chamamento  teve ainda a função dar continuidade ao serviço prestado por meio do Termo de Colaboração n. 082/SMADS/2022 – processo nº 6024.2022/0003616-1, celebrado com a Organização da Sociedade Civil – OSC CROPH – Coordenação Regional das Obras de Promoção Humana.

Reordenamento do Território

De acordo com uma fonte ouvida na condição de anonimato pelo DiárioZonaNorte, o objetivo da Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social – SMADS, com a mudança de local do Centro de Acolhida da Zaki Narchi é o reordenamento de serviços no território.

Desta forma, o serviço que funcionava na avenida Zaki Narchi  será desmembrado em três novas parcerias, em observância ao Plano de Metas para a gestão 2021-2024, notadamente a Meta nº 14, que prevê a implementação de “12 Centros de Acolhida e Centros de Acolhida Especiais, reordenando serviços com mais de 200 vagas e respeitando o perfil dos usuários” – equipamento da Zaki Narchi oferecia 900 vagas.

O local na Zaki Narchi, inaugurado durante a Gestão Fernando Haddad (PT) em outubro de 2014,  é ocupado provisoriamente pela Guarda Civil Metropolitana (GCM), e deve ser demolido em breve, já que faz  parte da área onde a Prefeitura – por meio de uma Parceria Público Privada – PPP da Habitação, construirá cerca de 2.400 habitações de interesse social.

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Centro de Acolhida Zaki Narchi em 2014, prestes a ser inaugurado pela Gestão Fernando Haddad – Crédito da Foto: Fábio Arantes/SECOM
Reação da Comunidade 

Colado ao prédio do futuro Centro de Acolhimento, há uma empresa instalada há alguns anos. Segundo a proprietária, Mariana Lagoa, “o prédio ao lado não tem nada, é um galpão, sem divisões, sem banheiros e sem janelas nas laterais”. Inclusive o muro que divide os dois imóveis “é baixo e vai precisar que seja aumentado”.

Mariana Lagoa ficou sabendo da instalação do equipamento público na rua,  por meio de um representante da SMADS e dois engenheiros que vistoriaram o local na 5ª. feira (21/07/2022), que estão prevendo a mudança do Centro de Acolhida até setembro. De acordo com a empresária, esse funcionário da SMADS informou que será feita a reforma para adequação do imóvel e que o início das obras está na dependência da  liberação da verba, em torno de  R$1,5 milhão e que deve funcionar já em setembro.

Inconformada, a empresária está preocupada com suas 15 funcionárias (só mulheres), que trabalham no local durante a semana. “Eu não consigo entender com tantos terrenos da Prefeitura na Marginal e outros lugares não residenciais, escolheram aqui que é residencial e com pessoas de idade”, lamenta ela, que está organizando um abaixo-assinado com os moradores da região.

Beto Freire, morador das Vilas e ativista social
E a segurança?

O ativista social Beto Freire, fez importantes observações sobre a questão da segurança da região com a chegada do Centro de Acolhida na rua Magarinos Torres, na Vila Maria Baixa.

O que eu posso fazer enquanto pessoa física, enquanto liderança, é me posicionar. Eu  sou contrário a colocar um albergue no meio de uma área residencial. Eu espero, aguardo que isso seja uma informação errônea, que algo não esteja correndo como o normal… 

Por que você colocar  um albergue no meio de uma área residencial? Que está com a segurança do jeito que a gente está nos últimos dois, três anos? O efetivo policial da região é reduzido,  diminuir as viaturas passou a ser prática comum. Não existe mais policiamento preventivo.  Então,  você colocar um albergue no meio de uma área residencial não tem lógica.   Eu não sei se é falta de  pensar, se é falta de conhecimento, falta de sensibilidade…

Você tem albergues que são necessários em áreas comerciais, onde geralmente já vivem as pessoas em situação de rua e onde geralmente você tem um movimento grande, inclusive no período da noite.

E o funcionamento do albergue não é simples, existem várias regras a serem cumpridas por aquele que precisa da vaga….   E, nem todos podem ser acolhidos,  porque não tem vaga para todo mundo.  Depois, porque quem está alcoolizado não entra, quem está com o cachimbo  (de crack) não entra. 

Então fica aquele pessoal todo dormindo em volta durante o dia, esse pessoal fica circulando no entorno para esperar no horário do albergue abrir de novo. E isso causa  vários e  sérios problemas de segurança nos entornos dos albergues. Para quem não lembra, tinha um ali enorme ao lado do Center Norte .

E isso é em qualquer lugar. Então os albergues têm que ser muito bem escolhidos em lugares comerciais, onde já existem pessoas vivendo nas ruas do entorno, o poder público tem que ter toda uma infraestrutura em volta do equipamento de acolhida para amenizar  um pouco os problemas que causam.

Eu, pessoa física, sou contrário a colocar um albergue onde está sendo cogitado. Então, de antemão, eu já me posiciono porque é fácil se posicionar quando a notícia é boa ou se posicionar a favor das coisas para ficar bem com os outros. 

Colocar um albergue na Magarino Torres, um lugar de residências, onde 95% dos imóveis estão lá há 50 ou 60 anos, onde as  pessoas tem toda uma vida lá.  Onde estão sendo lançados dois condomínios residenciais, inclusive. 

Trazer um albergue para a região é uma falta de respeito. Não só com quem mora, mas com todo o entorno. O bairro está precisando de investimento na segurança. Precisamos de mais efetivo policial, mais viatura, câmera de vigilância ligada lá no Copom, 24 horas em locais estratégicos. Não de mais problemas. Os que já temos não são poucos.

O bairro precisa de hospital… Tem uma série de outras necessidades em todo o entorno da nossa subprefeitura.  Um albergue não é necessário na quele local. Você faz nas “franjas” do território.  Você faz lá no entorno da marginal, em áreas comerciais de peso… Na Cruzeiro do Sul, para reforçar os equipamentos que já existem ali e não dão conta de acolher as pessoas que circulam por lá,  onde já há uma concentração perto da Rodoviária Tietê. 

Não só a Vila Maria como os demais demais vilas aqui próximas, que já têm problemas sérios com segurança, que se criou um desassossego ultimamente por falta de investimento público.  Você vai trazer mais insegurança. Você vai desvalorizar imóveis e infernizar a vida das pessoas, ao invés de trazer para elas um hospital. Ao invés de trazer para elas mais efetivo policial, mais viaturas, câmeras de vigilância, ou seja, gente.

O povo também precisa começar a parar de aceitar as coisas. O seu imposto e o meu são iguais ao imposto pago por quem mora em Moema e nos Jardins…. A gente não é pior do que ninguém. A gente é que precisa perder um pouco o complexo de vira lata e começar a cobrar essas pessoas que foram eleitas e  dizem representar a região.

Você não ouve deles “consegui dobrar o efetivo policial. Estou trazendo mais equipamento público de saúde… ”  Será que um SESC, um SENAI ou um SENAC não cabem aqui? Eu penso que cabem sim, aqui na nossa região.  Será que não cabe um CEU na Vila Guilherme ou na Vila Maria?  Sim, cabe. 

Independente de eu ser presidente da Associação dos Frequentadores do Parque da Vila Guilherme/Trote, de ser membro ativo do Conselho de Segurança Comunitária – Conseg da Vila Maria,  eu não preciso disso. Posição pessoal.

Eu, Roberto Freire sou contra e digo mais… Está na hora do povo começar a dizer ao  poder público: eu sou fulano, pago meu imposto e acho que o bairro precisa disso, não daquilo.

E o dinheiro é seu, não é de emenda parlamentar… é seu, é do seu imposto e  você tem o direito de ser consultado e decidir pelo que acha melhor. “

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