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Perigo continua no Tucuruvi com o barranco cai-não-cai. Processo parado há 18 anos

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Tempo de Leitura: 6 minutos

da Redação DiárioZonaNorte

A necessidade da construção de um muro de arrimo, ao longo dos 350 metros do barranco da Avenida Dr. Antônio Maria de Laet, no sentido da Avenida Manoel Gaya x Benjamim Pereira – no Parque Vitória (distrito do Tucuruvi), completará 18 anos no próximo mês de dezembro de 2020, no final de mais um governo.

Com o passar dos anos a situação se agravou. Um trecho da área está  desmoronando e pode arrastar com ele o asfalto da rua Pero Vidal e até mesmo as casas e prédios do local. A rua fica na parte alta do barranco e paralela à Avenida Dr Antônio Maria de Laet.

No local foi improvisada a cobertura com um pedaço de plástico preto fixado com restos de material de construção, as árvores próximas continuam sinalizando o perigo com rachaduras no solo e até solapamento junto às suas raízes.

Sem contar o risco do pedestre que não tem calçada na avenida, que além do desabamento pode ser atropelado, a qualquer momento.

Sai gestão entra gestão

Em 2002, na gestão Marta Suplicy, o assunto já era um principais  temas em discussão na audiência pública do Plano Diretor Regional. 

Na época, o então subprefeito Helvio Moisés (Santana/Tucuruvi/Mandaqui), colocava a construção de muros de arrimo na região do Parque Vitória, para andamento de um projeto da abertura de um túnel de passagem sob a Avenida Tucuruvi para ligar as Avenidas Antônio Maria Laet e Luiz Dumont Villares.

Ganhou e não levou

Só em 2015, na gestão Fernando Haddad, a obra entrou no radar da Prefeitura, que pretendia utilizar recursos do Fundo Municipal de Saneamento (FMSAI). 

O Fundo, gerido pela Secretaria Municipal da Habitação e pela Secretaria das Subprefeituras, na época, tinha o limite de 20 milhões de reais e contemplaria 18 obras espalhadas pela cidade e que se enquadra-sem em um dos três critérios: processos licitados ou em licitação;  grau de risco ou  ordem judicial.

O processo recebeu o número 2015-0.075.213-0 e teve seu custo estimado em R$ 2.086.786,65 – De acordo com a documentação, a  área  foi catalogada em 2009/2010 pelo Instituto de Pesquuisas Tecnológicas – IPT como sendo de Risco Geológico  R1/R2 (baixo e médio risco), com prazo de execução em 120 dias.   Após cinco anos da análise, a situação evoluiu provavelmente para R2/R3 (médio e alto risco)

De volta a estaca zero

Na gestão do Subprefeito Carlos Roberto Candella,  o projeto ficou parado na Secretaria de Infraestrutura Urbana – SIURB e a Subprefeitura não deu o acompanhamento devido, a obra não foi realizada e a  verba ficou congelada e retornou ao Tesouro Municipal.

Nova tentativa

Em 2016, o então vereador Conte Lopes, tentou dar andamento na obra e apresentou ao Projeto de Lei 178/2016 que dispunha sobre orçamento da  Prefeitura de São Paulo para o ano de 2017,  a emenda 227/2016  –  inciso ao parágrafo único do artigo 6º –  pedindo recursos para a “Construção de muro de arrimo na Rua Pero Vidal x Av. Dr Antonio Maria de Laet, Tucuruvi”.   Infelizmente, o pedido do vereador Conte Lopes não foi atendido.

Ação entre vizinhos? 

Em maio de 2017, durante a inauguração do 1º Mural do Museu de Arte de Rua (MAR)  na Rua Moacyr Vaz de Andrade – há poucos metros do local do desmoronamento, uma comissão de moradores,  encabeçada pela vice-presidente do Conseg Vila Gustavo e Região, professora Maria  Candida  Costa Gaspar e por Eziquiel de Souza Silva,  foi ao encontro do então prefeito  João Doria.

Muito atencioso, Doria ouviu a reclamação e sem ter a dimensão da obra, chamou a prefeita regional Rosmary Corrêa – a delegada Rose –   para se inteirar do caso e tomar providências: “veja o que acontece e, se for o caso, peça ajuda para apoio de material da C&C, DeCico ou empresas dispostas em doações; e a mão de obra fica com a prefeitura” , argumentou Doria.

A subprefeita já tinha conhecimento do caso e atendeu prontamente ao pedido. Logo em seguida, houve um ato de união e de sucesso com as mãos sobrepostas  do prefeito, da subprefeita, de Cândida e de Eziquiel.

A reunião

Marcada para às 17 horas da 2a. feira (05jun2017), a reunião  não contou com a presença da  prefeita regional de Santana/Tucuruvi/ Mandaqui. Na data e horário combinados,  alegando compromissos externos (acompanhar o prefeito João Dória no sorteio “Nota do Milhão”, no Terminal Rodoviário do Tietê), delegou o comando da reunião ao  Assessor de Gabinete José Cândido de Freitas.

A professora Maria Candida Costa Gaspar, acompanhada de Rafael de Souza e de Eziquiel de Souza Silva,  foi recebida pelo então Engenheiro da Coordenadoria de Projetos e Obras da prefeitura regional, Félix Quispe Marques.

Debaixo do braço do engenheiro um dossiê de muitas páginas, documentos e mapas sobre o processo que engatinha desde 2010, com despachos e carimbos de sua peregrinação.

Custos recalculados

As explicações do engenheiro Felix foram claras e objetivas: “é um investimento vultoso”.  O valor da obra chega hoje a 3 milhões e 190 mil reais. Só o projeto e o mapeamento do risco geológico, juntamente com o descritivo das obras – já pago pela prefeitura na gestão anterior – foi de 125 mil reais.

De acordo com ele,  a obra precisa ser novamente licitada e deverá ter o contrato de pelo menos 20 anos de garantia da construtora vencedora.

Com isto, ele inviabilizou a ideia dada por João Dória de buscas por empresas para doações de material e lembrou que o muro de contenção de 350 metros terá o uso de aproximadamente 726 metros cúbicos de concreto, o que significa 120 caminhões.

O engenheiro calcula o custo pela metade destinado ao material e a outra à construção (mão de obra e equipamentos). Logo no começo do local, junto ao muro do Mural de Arte Urbana (MAR), onde foram feitos os grafites, tem um muro de contenção  com 80 metros com base de pedras tipo paralelepípedo que foi construído pelo Shopping Metrô Tucuruvi como parte da compensação pela construção do empreendimento. . Sem dinheiro previsto no orçamento da Prefeitura,  sem obra.

Compasso de espera 

Passados dezoito anos convivendo diariamente com o problema e  três anos da reunião na Subprefeitura Santana/Tucuruvi/Mandaqui e do encontro com o então prefeito João Doria, a professora Maria Cândida Costa Gaspar  – que continua  atuando junto ao Conselho Comunitário de Segurança—CONSEG de Vila Gustavo e região –, lamenta não ter o pedido sido atendido.

“É uma pena ver que não foi dada a devida importância ao caso. Um desastre pode acontecer a qualquer momento e comprometer as residências no local. Mais uma vez, as promessas ficaram no ar e os documentos jogados no fundo da gaveta”, comenta ela.

De acordo com Dona Candida – que conhece a história do local há 38 anos, quando ali foram plantadas mais de 120 árvores, “é necessário que os moradores se unam para não deixar o assunto na gaveta e brigar por ele, com abaixo assinado e apoio de muita gente”.

Veja a matéria publicada pelo DiárioZonaNorte sobre o a inauguração do Museu de Arte Urbana no Tucuruvi clicando aqui.

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