vilas
por Beto Freire (*) — Artigo n. 11– < Cidadania >
Outrora São Paulo de Piratininga, a nossa querida e acolhedora cidade de São Paulo completa, nesta 4a. feira (25/01/2023), os seus 469 anos de fundação.
Mas, infelizmente, a esquecida e abandonada Zona Norte é um reflexo das condições precárias que o poder público deixou toda a cidade sem atenção constante com a zeladoria. É só andar pelas ruas e avenidas para ver os buracos, o mato nas praças, os pontos recorrentes de enchentes e mais outras mazelas.
Passando pelo silêncio dos 106 anos de Vila Maria — que aconteceu agora na 3a.feira da semana passada (17/01/2023) –, que nem foi comemorado pelas “autoridades”, lembramos que os tradicionais distritos de Vila Maria / Vila Guilherme / Vila Medeiros tem 33 bairros, uma população em 300 mil habitantes, com a área com quase 27 quilômetros quadrados.
A região tem em seu DNA o trabalho, comércio, logística e oficinas de costura, que são agora os grandes geradores de empregos e renda da população local.
Muitos impostos arrecadados
Aqui também encontra-se o Terminal Rodoviário do Tietê, a maior da América Latina, um dos maiores geradores de Imposto Sobre Serviços (ISS) da cidade. O Terminal Cargas Fernão Dias é também o maior da América Latina, outro enorme gerador de ISS e Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para São Paulo.
Não é só. Nossa região também abriga o complexo do Shopping Center Norte que incluí o Lar Center, Novo Hotel e Expo Center Norte. A mesma região abriga a Mega Loja Magazine Luiza, a maior do Brasil.
Temos centenas de transportadoras, comércios, indústrias e fábricas, assim nos tornando a grande locomotiva geradora de impostos da megalópole.
O parco retorno no orçamento
Em contrapartida, a região tem pouca devolutiva dos impostos arrecadados, mostrando que perdemos, por exemplo, mais de R$ 6 milhões no orçamento da região em 2023, apesar de termos tido um 2022 com recorde de arrecadação de ICMS, ISS, Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), entre os principais, sem contar outros e até multas.
Mas ai vem a surpresa: a verba para zeladoria, combate as enchentes periódicas e limpeza em 2022 foi de R$ 38,799 milhões; e agora, em 2023, a Subprefeitura Maria / Guilherme/ Medeiros vai receber R$ 32,651 milhões — mostrando uma redução de R$ 6,147 milhões.
Isso impacta diretamente na qualidade de vida da população, a tendência natural é mais alagamentos, mato alto, buracos nas avenidas e ruas, coleta de resíduos deficitária, entre outros.
Segurança e saúde são vitais
Outro ponto importante é a falta de investimento público na infraestrutura e segurança pública, quanto mais degradação menor é o número de clientes no comércio regional. Reflexo imediato: a falta de segurança, estacionamento e segurança empurra a clientela para outros bairros, tirando renda inclusive de prestadores de serviços e empreendedores.
A redução gradual de efetivo policial e viaturas, consequentemente é resultado do descalabro dos furtos e roubos nas Vilas, a cada dia ficando mais temerário portar smartphone ou estacionar o veículo na rua. O roubo de fios, torneiras, e outros itens que compõe uma construção é outra situação alarmante nos últimos dois anos.
Essa falta de respeito com os moradores no momento da devolutiva dos impostos arrecadados é a principal culpada, a via de mão dupla entre poder público e contribuintes por aqui é ineficiente.
O desequilíbrio na devolução aos contribuintes também traz impacto na saúde pública, falta investimentos no único Hospital Público Municipal da região, falta equipamentos para exames, e principalmente médicos especialistas diariamente no atendimento SUS de nossos vizinhos.
Todo o desleixo nas contas entre produção de impostos e investimentos em Maria /Guilherme /Medeiros, deixa pornográfico a falta de respeito entre governantes e eleitores. O reflexo são ruas sujas, poucas árvores saudáveis e formosas, ruas esburacadas e inseguras, residências com grades igual a presídios, falta de clientes para consumir em nosso tradicional comércio.
Que no próximo aniversário da cidade, nossos bairros e vilas tenham algo positivo para comemorar, principalmente na saúde e segurança pública de Maria /Guilherme /Medeiros.
Leia o Editorial: “Velha São Paulo dos 469 anos e seus problemas de agora. Vale os Parabéns? — clique aqui
Leia também a retrospectiva da cidade de São Paulo: “São Paulo nos seus 469 anos: um pouco de reflexões e da história dos antepassados — clique aqui
Artigos / Complemento — leia outros artigos de Beto Freire, que são publicados às 3as. feiras:
- O que a Nova Cidade Center Norte pode abrir de boas perspectivas para a região (01) – 12/11/2022 – clique aqui
- Poluição sonora é terrível para saúde e vereadores querem aumento da barulheira (02) – 15/11/2022 – clique aqui
- Sobram enchentes e faltam as políticas públicas decentes nos bairros e nas Vilas (03) – 22/11/2022 – clique aqui
- Nas Vilas, os animais sem “conta bancária” também tem direito a vida e saúde digna (04) – 29/11/2022 – clique aqui
- Triste olhar das Villas e 100 anos após com poucas mudanças nos velhos problemas (05) – 06/12/2022 – clique aqui
- O progresso veio, mas as Villas ainda sofrem com os poucos recursos na saúde pública (06) – 13/12/2022 – clique aqui
- Paralelepípedos e biovaletas tem custo baixo e são eficazes contra enchentes – (07) 20/12/2022 –clique aqui
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- Acessibilidade, um assunto sério que deve ficar sempre em constante destaque – (09) – (O3/01/2023) – clique aqui
- Poder Público não enxerga as Vilas nem de binóculo. Com isto, insegurança é irrefutável (10) – 10/01/2023 – clique aqui
(*) Beto Freire — Antonio Roberto Freire é o nome oficial, com batismo de família genuinamente portuguesa, nascido e criado na Zona Norte, nas bandas da Vila Guilherme e Vila Maria. Cronista das Vilas, é torcedor apaixonado pela Portuguesa de Desportos. Ele é um apaixonado pela Zona Norte, sendo ativo colaborador há muitos anos do DiárioZonaNorte —escreve às 3as.feiras.
Com olhar de ativista social, preocupado com a melhor qualidade de vida de todos os moradores, sem distinção, já teve participações em muitas audiências públicas. Por outro lado, foi membro em gestões do Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG de Vila Maria, além da presidência da Associação dos Amigos do Parque Vila Guilherme-Trote (PVGT).
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