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Va tutto bene, capito? Há 150 anos chegavam os imigrantes italianos ao Brasil

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  • A Itália produziu a maior emigração da história mundial; e
  • Entre 1880 e 1915, 13 milhões de italianos deixaram sua terra natal

Neste sábado (17/02/2024) comemora-se os 150 anos da chegada dos imigrantes italianos no Brasil – e na 4ª feira (21/02024) é o “Dia Nacional do Imigrante Italiano”, na lembrança dos imigrantes italianos que chegaram,  em 1881, no Porto de Santos – SP.

A data de 150 anos é referência à chegada em 1874 da Expedição de Pietro Tabacchi ao Espírito Santo. Ali  foi a inauguração da imigração em massa.

Ao todo, foram 388 camponeses – trentinos e vênetos – que embarcaram no navio a vela “La Sofia” e chegaram à capital Vitória em busca de oportunidades, trabalhos e vivências.

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A imigração Italiana no Espírito Santo

Eles foram contratados por Pietro Tabacchi, que possuía a fazenda “Monte das Palmas”, em Santa Cruz. O empreendimento, porém, não prosperou, provocando descontentamentos e revoltas.

Um grupo seguiu para colônias oficiais da Região Sul enquanto outros aceitaram a proposta do governo do Espírito Santo para se instalarem na “Colônia Imperial de Santa Leopoldina”, sendo direcionados ao Núcleo de Timbuhy, no atual município de Santa Teresa.

No acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), existem centenas de documentos que testemunham esse importante fato histórico.

Dentre eles, está um ofício que mostra a existência de imigrantes na localidade em outubro de 1874. Trata-se de um pedido de ressarcimento feito pelo colono Francesco Merlo, encaminhado no dia 28 de outubro de 1874 ao presidente da Província.

Francesco solicita do governo a restituição dos gastos que teve com a passagem da Itália à Colônia de Nova Trento, no valor de 122 Fiorins, pelo fato de não ter sido reembolsado pelo contratante.

Com base neste documento foi publicada a Lei nº 13.617, que reconhece oficialmente a cidade de Santa Teresa como a pioneira da imigração italiana no Brasil.

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Em busca de trabalho

A primeira expedição de italianos para o Espírito Santo foi batizada com o sobrenome do seu idealizador. De acordo com o sociólogo Renzo M. Grosselli, no livro “Colônias Imperiais na Terra do Café”, da Coleção Canaã do APEES, Tabacchi era um italiano oriundo de Trento que já se encontrava na província desde o início da década de 1850.

Ao observar o interesse do país pela mão de obra europeia, ele decidiu oferecer terras para os imigrantes em troca do direito de derrubar 3,5 mil jacarandás para exportação.

Após um longo período de negociação, o Ministério da Agricultura autorizou o contrato com Tabacchi, que por sua vez enviou emissários ao Trentino (Tirol Italiano), à época sob o domínio austríaco, para capitanear famílias.

Assim, no dia 3 de janeiro, às 15 horas, partia do porto de Gênova a embarcação “La Sofia”. Em 01 de março, começou a viagem até o porto de Santa Cruz, em direção à propriedade de Tabacchi.

Foi a primeira expedição em massa de camponeses da Itália para o Espírito Santo e daria início à epopeia emigratória dos italianos. Porém, os colonos logo perceberam que foram enganados por falsas promessas. Não existiam as terras preparadas e a situação nos alojamentos era caótica.

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A chegada

A Expedição Tabacchi inaugura um movimento migratório. Desta vez, o foco dos agenciadores se concentra na península itálica, especialmente nas regiões norte-nordeste, de onde partiram aos milhares para diversos países do mundo e, em um número considerável, para o Brasil.

A Itália recém-unificada era um país desconexo, com altas taxas demográficas e uma grande massa de desempregados. Sem alternativas, muitos viajaram para realizar o “sonho da América”. Em 1875 as partidas dos transatlânticos de Gênova e de outros portos da Europa se tornaram rotinas.

Os italianos no Brasil

Segundo a Embaixada da Itália, o Brasil abriga a maior comunidade de descendentes de italianos do mundo, estimada em cerca de 32 milhões de pessoas, aos quais se somam cerca de 730 mil cidadãos italianos.

O embaixador italiano, Francesco Azzarello, acrescenta que´´esses números nos dão a dimensão dos laços de sangue entre nossos Países. E ainda, temos cerca de mil empresas italianas que, ao longo de décadas, sempre acreditaram no Brasil e investiram em setores estratégicos, contribuindo para o crescimento do País. Sem falar na contribuição vinda de cientistas e pesquisadores, arquitetos e engenheiros, fotógrafos e chefes de cozinha, pintores e escultores, homens de cultura e empresários, entre outros´´.

O livro que conta a história

“Italianos no Mundo – Uma nação emigrante”, da Editora Contexto, é uma obra fascinante escrita pelo historiador Mark I. Choate. O livro nos conduz a uma imersão profunda na história da emigração italiana e seu impacto na identidade italiana em todo o mundo.

Com ênfase especial no Brasil, o livro nos revela como os italianos se adaptaram ao país, contribuindo significativamente em setores como indústria, agricultura, comércio e artes.

A emigração italiana para o Brasil é uma história de coragem, sacrifícios e esperança que deixou marcas profundas na sociedade brasileira.

Os italianos enfrentaram desafios inimagináveis, mas sua contribuição para o desenvolvimento do Brasil e a preservação de sua cultura são um legado que perdura até os dias de hoje.

Mais do que meras contribuições econômicas, os italianos deixaram um legado cultural rico no Brasil. Suas tradições, gastronomia e língua ainda fazem parte da vida brasileira, enriquecendo nossa diversidade cultural.


Mais informações:

Leia mais sobre o livro ´´Italianos no Mundo´´ na matéria do DiárioZonaNorte –  (20/06/2023)clique aqui

Leia também reportagem ´´ Em Guarulhos, mostra Nonni di São Paulo celebra jornada dos Italianos no Brasil´´(30/11/2023) —  clique aqui


<< Com apoio de informações/fonte: Arquivo Público do Estado do Espírito Santo /  Jória Motta Scolforo e Embaixada da Itália >>

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