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SP 470 anos, uma cidade de contrastes, com a Zona Norte em busca de soluções

Prédio da Prefeitura de São Paulo
Tempo de Leitura: 6 minutos

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  • Uma metrópole com 470 anos e problemas visíveis no dia a dia;
  • Zona Norte possui 11 distritos e 280 bairros com muitos problemas; e
  • Região tem quatro subprefeituras, que devem mais ações eficientes.

São Paulo chega aos 470 anos com uma população que ultrapassa os 12 milhões de habitantes na cidade e mais de 21 milhões na região metropolitana. A metrópole paulistana é um colosso que abriga 96 bairros, que não estão isentos dos desafios diários.

Um grande contraste é visível na cidade mais rica do Brasil. São Paulo é o epicentro financeiro, corporativo e mercantil da América Latina, mas tem problemas que poderiam ser resolvidos com mais trabalho e eficiência. Mas mesmo sendo detentora do título de cidade mais populosa do Brasil, do continente americano, da lusofonia e do hemisfério sul, além de figurar como a quinta mais populosa do mundo, a metrópole paulistana é um gigante demográfico que não foge dos problemas urbanos que a afligem diariamente.

A maioria dos moradores da Zona Norte reclama da falta de uma melhor qualidade de vida. Sem investimentos e uma dedicação especial dos governos, nem mesmo de vereadores e deputados estaduais. Muita coisa piorou nos distritos e bairros, sem perspectivas de melhorias. O olhar das autoridades está mais para outras regiões da cidade.

Falar da história de São Paulo, com sua importância, é “chover no molhado”, comentam moradores mais antigos. Anúncios em jornais em homenagem aos 470 anos, ou os shows musicais,  é cair nas “mesmices” de sempre, sem um benefício a quem sofre com enchentes, buracos nas ruas, falta de zeladoria e, principalmente, de segurança e saúde.

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O crescimento de insegurança nos bairros da Zona Norte, mais roubos e furtos nas ruas, residências e comércio.
Pesquisa mostra a situação

A Rede Nossa São Paulo lançou nesta 3ª feira (23/01/2024) a pesquisa ´´Viver em São Paulo: Qualidade de Vida 2024´´ (*), durante evento no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc. Esse levantamento, em parceria com a Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), mostra a percepção dos paulistanos e paulistanas sobre a cidade, com profundos reflexos na Zona Norte.

Qualidade de vida, avaliação da administração pública, investimentos da Prefeitura de São Paulo e transparência do poder público são temas abordados.

O trabalho apresenta a percepção dos moradores da cidade sobre temas como bem-estar, confiança nas instituições, avaliação da administração municipal (incluindo o poder legislativo) e investimentos públicos em áreas como saúde, educação, transportes, moradia, espaços públicos e cultura, entre outras. Além da falta de consciência política, com o voto sem critério do cidadão.

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Morador em situação de rua e proliferação na ZN com seus efeitos

Veja uma síntese dos resultados:

– 60% dos moradores de São Paulo dizem que sairiam da cidade, se pudessem.

– 30% da população avalia que a qualidade de vida na cidade melhorou nos últimos 12 meses (há uma ligeira tendência de crescimento em relação às pesquisas dos anos anteriores). Outros 47% dizem que a qualidade de vida permaneceu estável e 22%, que piorou.

– 65% dos moradores de São Paulo não lembram em quem votaram para vereador em 2020.

– 65% dos paulistanos e paulistanas não têm vontade alguma de participar da vida política da cidade.

– 68% acham que a geração de empregos deve ser a prioridade de um político; redução das desigualdades sociais e combate ao preconceito (racismo, homofobia, diferença de classe social, etc.) aparecem em seguida, nesta ordem.

– 17% dos paulistanos e paulistanas avaliam a administração municipal como boa ou ótima; 38% consideram que é ruim ou péssima e 42%, regular.

– 74% acham que a prefeitura tem feito pouco ou nenhum investimento no bairro onde moram, apesar da melhora na percepção de investimento em algumas áreas.

– 87% acham que a administração municipal é pouco ou nada transparente em relação à divulgação de informações sobre a gestão, metas e prestação de contas.

– Apenas 9% dos moradores avaliam a Câmara dos Vereadores como ótima ou boa.

Hospital Municipal Ver. José Storópoli – Vermelhinho – o único da ZN, que está sucateado e com falta de aparelhos
Os destaques

BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA  ==  Confirmando a tendência registrada nos dois últimos levantamentos, a percepção de melhora na qualidade de vida avança pouco a pouco, ainda que a predominância seja de estabilidade. Contudo, ainda é alta a proporção de pessoas que sairiam da cidade se pudessem. O passado pouco mais de um ano do pleito que elegeu um novo governante para o estado,nesta rodada o Governo de São Paulo aparece entre as três instituições que mais contribuem para melhorar a qualidade de vida das pessoas que residem em SãoPaulo. A série histórica ilustra, mais uma vez, a importância da atuação conjunta entre poder público, instituições religiosas e terceiro setor. Há de se considerar que as duas últimas muitas vezes fazem um trabalho  complementar e preenchem as lacunas da  gestão pública.

GESTÃO MUNICIPAL == Ainda que a avaliação positiva da administração municipal apresente crescimento, ela ainda é majoritariamente regular ou negativa. Tendo em vista que a série histórica teve início em 2008, nota-se que desde o levantamento de 2011, a avaliação positiva da gestão paulistana nunca se sobrepôs à negativa.  A administração municipal permanece sendo percebida como pouco ou nada transparente quanto à divulgação de informações, metas e prestação de contas para a população. Da mesma forma, paulistanos e paulistanas consideram que a Prefeitura de São Paulo – que é a instituição que mais contribui para a qualidade de vida na cidade – vem fazendo pouco ou nenhum investimento nas áreas investigadas, em especial na Geração de empregos, na Saúde e na Habitação.

CÂMARA DE VEREADORES DE SÃO PAULO == Aparece com baixo percentual dentre as instituições que mais contribuem com a qualidade de vida das pessoas da cidade. o Considerando a parcela significativa que não se lembra em quem votou para vereador na eleição anterior e o desejo da população por vereadores que demostrem maior conhecimento dos problemas dos bairros e maior presença nesses locais, fica evidente um cenário de distanciamento e descrença da população em relação aos representantes do legislativo. Consequentemente, temos há anos uma visão negativa da atuação da Câmara Municipal.

PARTICIPAÇÃO NA VIDA POLÍTICA DA CIDADE == Apesar de alguns sinais positivos, a pesquisa vem confirmando ao longo dos anos, uma visão crítica sobre a qualidade de vida na cidade e, especialmente sobre a gestão pública paulistana. Sendo assim, nos deparamos com um contexto preocupante, em que um alto número de pessoas que não demostra qualquer interesse em participar da vida política da cidade

(*) Sobre a pesquisa ==  A pesquisa Viver em São Paulo: Qualidade de Vida é realizada anualmente. Ao todo, foram entrevistadas 800 pessoas com 16 anos ou mais, em dezembro de 2023, de forma presencial e online. Com intervalo de confiança de 95%, a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Acesse a pesquisa completa com 33 páginas – clique aqui


Leia também no DiárioZonaNorte, pesquisa sobre as condições dos moradores da cidade´´São Paulo chega aos 470 anos e maioria dos paulistanos vê uma grande piora na cidade´´ –  No aniversário da metrópole, pesquisa demonstra os problemas da cidade. A maioria dos paulistanos viu a cidade piorar: segurança pública, saúde, trânsito, falta de luz, moradores em situação de rua, buracos, qualidade do asfalto, zeladoria das subprefeituras… A Zona Norte também sofre com tudo, pior ainda: sem investimentos. Clique aqui


 Rede Nossa São Paulo (RNSP)  — É uma organização da sociedade civil que tem por missão mobilizar diversos segmentos da sociedade para, em parceria com instituições públicas e privadas, construir e se comprometer com uma agenda e um conjunto de metas, articular e promover ações, visando a uma cidade de São Paulo justa, democrática e sustentável.


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