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Mirante de Santana traz à tona informações climáticas e manifesto de especialistas

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da Redação DiárioZonaNorte

Como nunca antes acontecido, o Plano Diretor Estratégico está trazendo à tona e reforçando a importância dos dados meteorológicos do Mirante de Santana/Jardim São Paulo. E, por coincidência, uma reportagem de 2020 do Jornal da USP veio a calhar neste momento com o título ´´Dados comprovam aumento de eventos climáticos extremos em São Paulo´´, de autoria de Herton Escobar – é muito importante com detalhes, gráficos e entrevistas que podem ser conferidos na íntegra no link: https://is.gd/eiAOQi

São dados que tiveram a importante colaboração de dados e de séries históricas do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) com o Mirante de Santana/Jardim São Paulo, junto com o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP).  O texto revelava que o número de tempestades registrado nos últimos 20 anos já era maior do que nas seis décadas anteriores — e com agravamentos nos anos seguintes até agora.

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Alguns trechos importantes:

´´O fenômeno mais impactante é o aumento da intensidade das chuvas. O número de eventos de precipitação extrema, com chuva acima de 100 milímetros/dia, já é maior nos últimos 20 anos do que no acumulado das seis décadas anteriores — e olha que 2020 está só começando. O evento mais recente desse tipo foi a tempestade de 114 milímetros que paralisou São Paulo em 11 de fevereiro, causando deslizamentos e inundações em várias regiões da metrópole. Isso equivale a metade da quantidade de chuva esperada para todo o mês (cerca de 220 mm, em média), despencando sobre a cidade num único dia´´. manifesto

´´Vários estudos realizados nos últimos anos vêm apontando para um aumento de precipitação sobre grandes centros urbanos do Sudeste brasileiro — incluindo São Paulo, Campinas, Santos e Rio de Janeiro —, assim como um aumento do número de dias secos consecutivos, “sugerindo que os eventos de chuva intensa estão concentrados em menos dias, com períodos mais longos de tempo seco entre eles”, escrevem os pesquisadores. O novo estudo é uma iniciativa do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), coordenado pelo meteorologista José Marengo, com apoio do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Inmet e IAG-USP´´.manifesto

´´ O Estado de São Paulo e a Região Metropolitana de São Paulo estão diante de um grande desafio”, escrevem os pesquisadores. “O grande objetivo, efetivamente, é proteger a população”, concluem eles, ressaltando a necessidade de mais pesquisas, mais responsabilidade e melhor planejamento por parte dos gestores públicos frente às mudanças  climáticas  que já estão em curso —  e que só devem  piorar nos  próximos anos´´.

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Por outro lado, após a reunião na 2ª. feira (12/06/2023), com o vereador e relator do substitutivo da revisão do Plano Diretor Estratégico, Rodrigo Goulart (PSD), os representantes do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP), encaminharam ao vereado um ´´uma manifesto contra a revogação da Lei de Proteção do Mirante de Santana´´.

Esse documento é assinado pelos professores: Dr. Ricardo Ivan Ferreira Trindade ( Diretor do Instituto de Astronomia, Geofi?sica e Cie?ncias Atmosfe?ricas da USP ), Dra. Marcia Akemi Yamasoe (Chefe do Departamento de Cie?ncias Atmosfe?ricas), Dr. Fa?bio Luiz Teixeira Gonc?alves (Associado do Departamento de Cie?ncias Atmosfe?ricas) e  Dr. Micael Amore Cecchini ( Professor Doutor do Departamento de Cie?ncias Atmosfe?ricas ), que tomaram conhecimento à minuta do Projeto de Lei com o Substitutivo nº 127/2023 do Plano Diretor Estratégico.

Os especialistas demonstram preocupação na proposta de revogação da  Lei 7.662/1971 de Proteção do Mirante de Santana e ratificam a importância da estação meteorológica onde está há 78 anos na Zona Norte da cidade. E observam que ´´continua operacional ate? os dias de hoje, sendo uma das maiores refere?ncias aos estudos clima?ticos conduzidos por instituic?o?es de pesquisa tanto nacionais como internacionais. Dados meteorolo?gicos sa?o essenciais na previsa?o de desastres como enchentes e secas, assim como as fatais ondas de calor ta?o presentes na atualidade; portanto, sa?o essenciais a? gesta?o pu?blica. Adicionalmente, esta estac?a?o e? uma das duas u?nicas na cidade de Sa?o Paulo que atende os crite?rios da Organizac?a?o Mundial Meteorolo?gica (OMM)´´.

Neste manifesto de especialistas em dados climáticos, lembram que ´´o Mirante de Santana está sendo a utilizada pelo o?rga?o federal responsa?vel pelos dados no Brasil, que é o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Este fato permite a ingesta?o de seus dados em bancos de dados internacionais, usados nos modelos de tempo e, tambe?m de clima, para prover as previso?es meteorolo?gicas e cena?rios de mudanc?as clima?ticas. Cena?rios clima?ticos demandam longas se?ries temporais de estac?o?es-padra?o sem alterac?o?es do seu entorno. Ressaltamos que esse uso dos dados beneficia na?o apenas a cidade de Sa?o Paulo, mas sim todo o Pai?s e ate? outras nac?o?es que se utilizam da base de dados da OMM´´.

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No final do documento, há demonstração que ´´sem a lei de protec?a?o, ha? o risco de empreendimentos imobilia?rios investirem na verticalizac?a?o do entorno. Diversos estudos cienti?ficos publicados em revistas internacionais revisadas por pares apontam para os problemas advindos da construc?a?o de grandes estruturas pro?ximas a?s estac?o?es meteorolo?gicas. Os pre?dios barram o fluxo natural do vento, geram sombras nas proximidades dos instrumentos, refletem a radiac?a?o solar e, consequentemente, afetam diretamente as medidas feitas pela estac?a?o. Dessa forma, a construc?a?o de quaisquer pre?dios na regia?o causaria uma ruptura na se?rie histo?rica dos dados que oficialmente definem o clima da cidade de Sa?o Paulo ja? a quase 80 anos´´

Com isto, essa ruptura representaria a perda da base de refere?ncia de dados de superfi?cie mais significativa em uma regia?o urbanizada da cidade, ja? que a outra estac?a?o, a do Instituto Astronomia, Geofi?sica e Cie?ncias Atmosfe?ricas (IAG) da USP, esta? em um parque. Ressaltamos que a pro?pria construc?a?o civil se beneficia dos dados gerados pela estac?a?o do Mirante de Santana uma vez que prove? informac?o?es sobre o regime de chuvas. Esse conhecimento e? essencial para o planejamento e dimensionamento de qualquer construc?a?o urbana´´.

E fecham o manifesto reiterando a importa?ncia da salvaguarda da Lei Municipal que impede a verticalizac?a?o dos entornos do Mirante de Santana.


<<Com apoio de informações/fonte e documentos:  Jornal da USP e Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP) >>

 

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