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por Beto Freire (*) — Artigo n. 32 – < Cidadania >
O colorido das árvores no mês de setembro, apresentou uma Primavera formosa para São Paulo. Aqui em nosso pedacinho, ainda temos poucas árvores em comparação com outros áreas da cidade, mas o brilho das flores é evidente nas travessas e avenidas das vilas.
A mudança de estação traz sempre aquela renovação da paisagem, o multicolorido transbordando jardins, praças e parques é sinônimo de esperança e continuidade da vida em todos os sentidos e aspectos.
Todo esse espetáculo da natureza carrega o tempo das chuvas, São Pedro abre as torneiras para o plantio, semeadura e colheita no hemisfério sul do planeta Terra.
As preocupações
Em nossos bairros e vilas a Primavera/Verão é motivo de preocupação, afinal a região aguarda a décadas a substituição de galerias pluviais com idade média de 70 anos, são essas galerias que levam às águas das chuvas para os córregos e rios.
Em alguns partes baixas de nossa Zona Norte, existe também necessidade de obras estruturais como alargamento e aprofundamento de calhas dos córregos e a criação de piscinões subterrâneos para acumular água e não sobrecarregar rios durante fortes tempestades.
São as obras de infraestrutura, aquelas realmente fundamentais para a qualidade de vida dos contribuintes. Infelizmente as obras em baixo da terra, costumam a ficar longe dos cliques e marketing digital da classe política.
Eles geralmente gostam de entregar obras “vistosas” e inúteis para sociedade, com largo sorriso no rosto e rodeados lacaios, puxa-sacos e serviçais fazendo papel de moradores felizes…
Após todo entusiasmo dos seus funcionários nas redes sociais e papo no botequim, a realidade imposta é de enchentes periódicas durante seis meses entre o início da Primavera e o final do Verão.
Os prejuízos
Moradores e comerciantes reclamam das perdas, prejuízos, principalmente dos danos causados aos imóveis e também a saúde. Chuvas trazem roedores e a leptospirose proveniente da urina das ratazanas.
Entre móveis e sonhos destruídos a cada chuva, muitos moradores seguem de cabeça erguida, outra parte simplesmente destruídos psicologicamente deixam-se dominar de resignação intelectual e inércia social.
Essa entrega é conformismo da sociedade e uma vitória retumbante dos governantes. Afinal um povo omisso é uma população escravizada. Não há necessidade de reações quando os contribuintes não provocaram ações, tocando com Pompa e Circunstância as sinfonias de churrascos, música e bebida alcoólica levando eleitores no bico igual cegonha…
Nessa ressaca moral, social e econômica as grades empresas vão encontrando outras oportunidades com melhor infraestrutura urbana. Seja no acesso viário, na segurança ou na infraestrutura durante o período chuvoso.
Até logo, empresas!
E nos últimos anos foram dezenas de empresas que saíram dos distritos Maria / Guilherme / Medeiros. Entre elas, Gerdau (aço), Braspress (transportes), Nadir Figueiredo (copo americano), São Roberto (papelão), Serveng (construtora), Makro (atacadista), Estrela (brinquedos) e, em breve, teremos mais a Vedacit (materiais de construção).
Apenas com esses exemplos citados estamos falando de 20 mil empregos diretos e outros milhares indiretos que a falta de políticas públicas decentes e investimentos públicos prioritários “roubaram” de nossos bairros e vilas.
Isso empurrou 80% dessa mão de obra para o comércio regional, os salários, benefícios e plano de carreira são incomparavelmente parecidos, mas o sustento desses trabalhadores estava garantido.
O problema agravou com a totalidade do abandono regional, esse aspecto de quartinho da bagunça da cidade, tirou aos poucos clientes dos comerciantes, fechou pequenas empresas, e tornou delicada a situação de pequenos empresários e empreendedores.
A receita dessa pajelança política, fez que muitas portas fossem fechadas, funcionários obrigados a virarem nômades no mercado de trabalho, aceitando cada vez menos salários e maiores deslocamentos para sustentar a família e pagar as contas, um terço dessas contas aliás, são impostos municipais, estaduais e federais.
Tudo verdadeiro
Todo texto acima não é uma história ou ponto de vista, é a realidade imposta para quem é morador deste pedacinho da Zona Norte, os frequentadores ácidos também sabem como éramos há pouco tempo e para onde os políticos detentores de mandatos levaram rapidamente nossos bairros e vilas a atual degradação.
Situação vista a olhos nus em calçadas, viário e corredores comerciais. Muita sujeira, falta de áreas ajardinadas, acessibilidade para deficientes e idosos é quase inexistente, insegurança generalizada, êxodo da Cracolândia direcionado cotidianamente para nossa região. E claro, choveu tome alagamentos!
Então minhas amigas e amigos, não desistam, nunca permita render-se, nossa omissão é o alimento dos parasitas!
(*) Beto Freire — Antônio Roberto Freire é o nome oficial, com batismo de família genuinamente portuguesa, nascido e criado na Zona Norte, nas bandas da Vila Guilherme e Vila Maria. Cronista das Vilas, um apaixonado pela Zona Norte, sendo ativo colaborador há muitos anos do DiárioZonaNorte — escreve quinzenalmente. Com olhar de ativista social, preocupado com a melhor qualidade de vida de todos os moradores, sem distinção, já teve participações em muitas audiências públicas. Por outro lado, foi membro em gestões do Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG de Vila Maria, além da presidência da Associação dos Amigos do Parque Vila Guilherme-Trote (PVGT).
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Nota da Redação == (*) O artigo acima é totalmente da responsabilidade do autor e colaborador, com suas críticas e opiniões, que podem não ser da concordância do jornal e de seus diretores.
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