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Projeto parado a uma década, Santana e Vila Maria voltam a ser focos no PIU Arco Tietê

Região da Vila Maria - Divulgação
Tempo de Leitura: 5 minutos

 

da Redação DiárioZonaNorte

  • Objetivo do PIU Arco Tietê é reconectar bairros, atrair investimentos e melhorar a qualidade vida em região onde moram mais de 240 mil pessoas;
  • Plano urbanístico impacta diretamente o desenvolvimento econômico da cidade; e
  • Com a passar do tempo e o projeto na gaveta em quatro prefeitos, houve mudanças e até  inaugurações que fogem às metas – como o Parque Campo de Marte, Distrito Anhembi, e devolução do Campo de Marte.

A Prefeitura de São Paulo divulgou nesta 3a. feira (17/06/2025), às 15hs03, a matéria/release com as novas informações do Arco Tietê:Prefeitura propõe requalificar entorno do Rio Tietê com habitação, mobilidade e sustentabilidade”, que motivou abaixo a matéria do DiárioZonaNorte.


 

O Rio Tietê tem uma história de contrastes na Zona Norte de São Paulo. Por décadas, foi símbolo de progresso e rota de transporte fluvial nos tempos coloniais, mas também se tornou sinônimo de degradação ambiental com o avanço da industrialização e da urbanização desordenada.

Suas margens, que antes abrigavam sítios e várzeas, hoje concentram galpões abandonados, terrenos ociosos e barreiras viárias que dificultam a integração entre bairros como Santana e Vila Maria.

Passados exatos 10 anos desde a divulgação oficial do primeiro “Projeto de Intervenção Urbana Arco Tietê” (PIU-Arco Tietê), um documento técnico de 80 páginas, a Prefeitura de São Paulo retoma agora os estudos e o processo participativo com a população.

Na época, o projeto ficou conhecido por apresentar um diagnóstico detalhado e propostas urbanísticas para transformar um território considerado estratégico ao longo das margens do Rio Tietê, mas que acabou paralisado no tempo sem avanços concretos.

Projeto na região do Tamanduateí – : Divulgação

A proposta inicial, que teve audiências públicas entre 2015 e 2016, já indicava a necessidade de um programa de desenvolvimento urbano com equilíbrio entre habitação e emprego, aproveitando a infraestrutura já existente e com atenção especial ao meio ambiente.

Entre os principais pontos do documento estavam: um programa de intervenções com parâmetros urbanísticos claros, definição de estratégias para destinação de terras públicas, adoção de incentivos e venda de potencial construtivo adicional, além de garantir a gestão democrática do projeto.

Os objetivos eram ambiciosos: incrementar a oferta de empregos e o desenvolvimento econômico; estimular o adensamento com diversidade de renda; mitigar os problemas ambientais, como enchentes e ilhas de calor; transformar áreas ociosas e subutilizadas; melhorar a mobilidade local e regional; e qualificar o ambiente urbano, preservando recursos naturais e o patrimônio histórico.

Divulgação
Projeto região Santana – Divulgação

Agora, em 30 de maio de 2025, foi aberta a terceira consulta pública digital sobre o PIU Arco Tietê, organizada pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) e pela São Paulo Urbanismo.

A iniciativa representa a retomada efetiva dos estudos, que haviam sido interrompidos em 2020, em meio a mudanças de gestão e cenário político. A consulta busca apresentar um diagnóstico econômico e territorial atualizado e colher as primeiras impressões da população sobre a retomada do planejamento urbano para a região.

O processo segue as diretrizes estabelecidas pelo Decreto Municipal nº 56.901/2016 da gestão de Fernando Haddad (PT) — clique aqui e está alinhado ao Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade, que classifica o Arco Tietê como uma Macroárea de Estruturação Metropolitana (MEM), ou seja, um território com alto potencial de transformação urbana. Essa classificação reforça a importância da área no planejamento de longo prazo para o desenvolvimento sustentável da capital.

Vale lembrar que a primeira consulta pública específica sobre o Arco Tietê foi realizada entre janeiro e março de 2020, pouco antes da paralisação dos trabalhos. Já o primeiro PIU a passar por esse processo de escuta popular foi o Arco Pinheiros, ainda em 2018.

Projeto no Tamanduateí – Divulgação

A nova versão do PIU Arco Tietê traz um olhar mais integrado e contemporâneo. A Prefeitura de São Paulo  propõe transformar a região, historicamente marcada por indústrias obsoletas, precariedade habitacional e grandes vazios urbanos, em um novo polo com habitação acessível, geração de empregos, dinamismo econômico, mobilidade qualificada e sustentabilidade ambiental.

Com cerca de 3.600 hectares — o que equivale a 2,3% do território da cidade — o plano atinge diretamente bairros da Zona Norte como Santana e Vila Maria, além de regiões da Lapa, Barra Funda, Pirituba e Tatuapé. A expectativa é que a iniciativa impacte positivamente a vida de mais de 240 mil pessoas que vivem, trabalham ou circulam diariamente pelo perímetro.

Entre as ações previstas, destacam-se a recuperação de áreas ociosas, construção de novas moradias populares, estímulo a projetos de economia criativa e revitalização de áreas industriais degradadas.

Região Anhembi / Carandiru e Tamanduatei – Divulgação

Outra meta importante é a ampliação da infraestrutura de mobilidade sustentável, com implantação de corredores de ônibus, ciclovias, novas travessias e integração com as futuras linhas de Metrô e trens metropolitanos, como as linhas interligando a Zona Norte com outras regiões: 6-Laranja (Brasilândia-São Joaquim com 1-Azul) , 19-Celeste (Guarulhos-Anhangabau via Vila Maria) e 20-Rosa (SP até ABC) , além do Trem Intercidades, que ligará São Paulo a Campinas.

No campo ambiental, o projeto busca aproximar novamente a cidade do Rio Tietê, com requalificação das margens, criação de parques lineares e adoção de soluções baseadas na natureza para enfrentar problemas como enchentes e ilhas de calor.

A articulação com o Plano Hidroviário Municipal (PlanHidro SP) e o Plano de Ação Climática (PlanClima) também está prevista, para garantir a resiliência urbana e o enfrentamento das mudanças climáticas.

O diagnóstico recém-divulgado pela Prefeitura de São Paulo  também ressalta a fragmentação social e espacial da região, marcada por acessos limitados a equipamentos públicos e barreiras físicas impostas por grandes avenidas e linhas ferroviárias.

Cenário Futuro do Arco Tietê
A volta das ideias e projeto

A ideia central do PIU é promover maior integração entre os bairros, reduzindo as desigualdades e ampliando a qualidade de vida para moradores, trabalhadores e visitantes.

A participação popular, desta vez, não será apenas virtual. Além da consulta online na plataforma Participe+, que fica disponível até 30 de junho de 2025, a Prefeitura de São Paulo  prevê uma série de encontros presenciais nas Subprefeituras envolvidas e audiências com os Conselhos Participativos Municipal.  O objetivo é construir um plano realmente colaborativo, incorporando as demandas da população local.

Por fim, o PIU Arco Tietê faz parte de um conjunto maior de intervenções previstas para os chamados “Arcos” de São Paulo, como o Arco Leste, Arco Jurubatuba e o já citado Arco Pinheiros, além de Operações Urbanas como Água Branca, Água Espraiada e Bairros do Tamanduateí.

A expectativa da gestão municipal é que, com o avanço das discussões e a posterior aprovação na Câmara Municipal, o Arco Tietê possa, enfim, sair do papel e iniciar um ciclo de desenvolvimento urbano sustentável, socialmente justo e ambientalmente equilibrado, reaproximando a cidade de um dos seus principais rios.


<<Com apoio de informações/fonte: Assessoria de Imprensa e Comunicação da Secretaria Municipal de Urbansmo e Licenciamento>