Home Cultura Encontro com o passado faz de “Belfast” um filme de memórias reconstruídas

Encontro com o passado faz de “Belfast” um filme de memórias reconstruídas

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Tempo de Leitura: 3 minutos

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<<Crítica / Cinema >> == por Aguinaldo Gabarrão

O ator e diretor Kenneth Branagh além de talentoso é um artista eclético. Adaptou para as telas textos de Shakespeare (Henrique V; Muito Barulho por Nada; Hamlet), Mary Shelley (Frankestein) e Agatha Christie (Morte no Nilo). Mas com Belfast, ele mergulha em suas memórias e recria com pitadas de fantasia, a vida difícil num país dividido por questões religiosas.

Uma família protestante vive momentos tumultuosos na Irlanda do Norte dos anos de 1960. O conflito entre católicos e protestantes tiram o pequeno Buddy (Jude Hill) de seus sonhos infantis para o enfrentamento da dura realidade da intolerância religiosa. E com o agravamento da situação, seus pais precisarão fazer escolhas difíceis de serem aceitas por uma criança.

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Branagh, norte-irlandês, mudou-se de Belfast ainda criança.  As lembranças desse período se confundem ou serve de suporte para a ficção, pouco importando o peso de cada uma delas para o resultado final. Mas não é à toa que a narrativa do filme é percorrida pelo olhar atento de uma criança: Buddy. Ele vive em seu mundo, com regras próprias que serão abaladas pela força dos acontecimentos.

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Memória e Fantasia

A belíssima fotografia em preto e branco ressalta o aspecto da memória emotiva, mais do que a memória documental, uma vez que “… todas as memórias são falsas…” como dizia o escritor José Saramago (1922 – 2010), porque “… estamos constantemente a reelaborar a nossa própria memória…”

E a memória do diretor, corrompida ou não pelo tempo, é preenchida pela fantasia do menino por meio dos filmes de seriados ou de faroeste, confundindo-se com sua existência. É a vida tentando imitar a arte?


Assista ao trailer — clique na imagem abaixo:


A trilha sonora e a fotografia do filme apontam para esse caminho, quando os conflitos reais assumem na percepção da criança, a dimensão quase onírica do sonho, para logo depois arrebatá-lo de volta à brutal realidade. Enquadramentos nada usuais, tomadas de câmera baixa e alta, reforçam a sensação de que o diretor reconstitui impressões pessoais desse período.

Com atuações inspiradas de Judi Dench e Ciarán Hinds, avós do menino, e a naturalidade desconcertante de Jude Hill (Buddy), Belfast merece pelo que entrega as sete indicações ao Oscar.


Serviço

BELFAST

  • Gênero: Drama
  • País: Reino Unido e Irlanda do Norte
  • Classificação: 14 anos /
  • Duração:  1h e 39 minutos

Ficha técnica

  •  Elenco: Jude Hill, Caitriona Balfe, Jamie Dornan, Judi Dench, Ciarán Hinds, Lewis McAskie, Lara McDonnell, Gerard Horan, Turlough Convery, Sid Sagar, Josie Walker, Chris McCurry, Colin Morgan.
  •  Direção e Roteiro: Kenneth Branagh
  •  Direção de Fotografia: Haris Zambarloukos
  •  Músicas: Van Morrison
  • Produção: Laura Berwick, Celia Duval, Becca Kovacik, Tamar Thomas, Andrew Wilson
  •  Distribuição: Universal Pictures

Aguinaldo Gabarrão

(*) Aguinaldo Gabarrão – ator e consultor de treinamento corporativo. Um eterno colaborador do DiárioZonaNorte.

 


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