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A “História da Saúde Humana”: os desafios nas expectativas para viver mais e melhor

Hospital lotado/Gripe espanhola
Tempo de Leitura: 7 minutos

 

<< Resenha/Livro>>  == da Redação DiárioZonaNorte

Com todas as dificuldades cotidianas e o ritmo frenético –- apesar de toda a tecnologia que deveria abrir mais tempo aos humanos oferecendo mais qualidade de vida — , ao lado de problemas nas grandes cidades, temos hoje mais perspectivas de viver no futuro. Em sua minoria, contabiliza no momento as pessoas mais antigas que conseguem  ainda chegar próximo ou ultrapassar os 100 anos.

Em 2020, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE),  informava que a expectativa de vida atingiu 76,8 anos – sendo que em cinco anos, subiu 1,3 ano, enquanto em dez anos houve um crescimento de 3,3 anos – mas pode haver fator inverso, já que a pandemia do Covid-19 pode influenciar a queda nas estatísticas.  Por outro lado, o brasileiro é viciado na automedicação, o que pode levar às consequências desagradáveis e, às vezes, irreversíveis.

Há quem ache que viveremos cada vez mais e melhor. Será? Problemas ambientais e comportamentais já estão causando doenças crônicas e provocam retrocessos na saúde humana. A pandemia de covid-19 não é resultado do acaso, mas uma ilustração das disfunções das sociedades humanas, principalmente de sua relação com o meio ambiente. O ano de 2020 deu início aos momentos pandêmicos.

Junta médica

 

Conhecer a trajetória da saúde humana e entender os atuais desafios é urgente para pensarmos o mundo que deixaremos às futuras gerações. O médico francês Jean-David Zeitoun escreveu “História da Saúde Humana – Vamos viver cada vez mais?””, da Editora Contexto, que acaba de ser lançado.  Com a linguagem clara é um convite extra para a leitura.

Com seu original na edição francesa, “ La Grande Extension: Historie de la santé Humaine”, o doutor Zeitoun, especialista em Medicina e em Epidemiologia Clínica,  buscou na profundidade da pesquisa os momentos da humanidade, com os fatos históricos, e o modo de vida da época. Com um texto leve, ele oferece uma leitura interessante e de grande valia na perspectiva de vida.

Uma história da saúde e não uma história da Medicina

O autor mostra que saúde e Medicina são duas coisas muito diferentes. É fácil fazer um inventário do progresso médico das últimas décadas, mas é mais complexo interessar-se pela saúde. Este último é apenas 10-20% determinado pela medicina. É mais amplamente influenciado por outros determinantes: comportamento, ambiente e biologia. Neste livro, Zeitoun está, portanto, interessado em todos esses fatores, todos interligados, para explicar o prolongamento interminável de nossas vidas.

Todos centenários?

Hoje, esperamos viver até os 80 anos e, para os mais jovens, tornar-se um centenário parece quase certo. Desde 1750, “cada geração conseguiu viver um pouco mais do que a anterior e preparar a próxima para viver ainda mais”. São esses avanços e a consequente melhora na saúde humana que este livro narra.

O autor lembra que os progressos essenciais em termos de saneamento, acesso à água potável, nutrição e vacinação permitiram prolongar exponencialmente o nosso tempo de vida. Eles também mudaram profundamente nossos estilos de vida e revelaram outros riscos.

Leitos em hospital

 

Uma curva linear que esconde muitas coisas

Os avanços da era médica e da era microbiana levaram a um aumento monótono da curva de longevidade. Essa regularidade, no entanto, esconde grandes irregularidades em termos de saúde: os determinantes da saúde evoluíram e continuam evoluindo, esse prolongamento da vida foi feito contra os próprios humanos, nada nos permite prever a saúde futura. As pistas agora aparentes quanto ao aparecimento de riscos comportamentais (consumo excessivo de álcool, tabagismo, má alimentação, sedentarismo) e riscos ambientais relacionados aos nossos estilos de vida nos impedem de fazer previsões ou prescrições.

Retrocesso ou mudança de paradigma?

Como aponta o autor, todos sabemos o que precisamos fazer para limitar os danos, as ordens internacionais são claras quando se trata de saúde pública e meio ambiente. Este livro nos leva a refletir sobre uma autodestruição da humanidade por meio de um progresso nem sempre bem pensado. Assim, neste escrito científico, Zeitoun faz a seguinte pergunta: por que estamos obcecados em aumentar nossa longevidade e tão pouco preocupados em melhorar nossas vidas?

Tudo o que você precisa fazer é ler para descobrir o que deseja priorizar entre extensão da saúde e extensão da vida útil…


 


Sumário – O que o livro nos apresenta:

INTRODUÇÃO

  • O aumento contínuo da longevidade / Futuro incerto
A ERA MICROBIANA
  • Da pré-história a período pré-industrial – 30 anos de expectativa de vida – (As três causas de mortalidade: micróbios, subnutrição, violência)
  • 1750-1830: uma tênue melhora na saúde – (As raízes da mudança: o iluminismo e a Revolução Francesa) – (Criação da política de saúde) – (A condição urbana)
  • A imunização voluntária – (Tratar o mal com o mal: a valorização) – (Efeito massivo da vacinação contra a varíola)
  • 1830-1880: a industrilização contra a saúde – (O surgimento da higiene) – (A escola de Medicina de Paris e o Desenvolvimento dos hospitais) – (A Industrialização e a urbanização deterioram a saúde geral) – (A economia industrial suplanta a saúde humana) – (O movimento sanitário: eliminar a sujeira para melhorar a saúde…e a economia)
  • 1850-1914: os grandes avanços – (Como John Snow conseguiu deter a transmissão da cólera) – (O impacto nutricional: outro fator não médico) – (A teoria dos germes) – (A genialidade de Louis Pasteur) – (Robert Koch, o outro gigante – (Joseph Lister, o cirurgião limpo )
  • 1918-1919: a gripe espanhola a mata entre 2% e 5% da população mundial – (O surgimento) – (Uma primeira onda planetária incrivelmente violenta) – (Uma segunda onda ainda mais mortífera) – (Uma pandemia atípica) – (Os efeitos do isolamento) – (O legado de gripe espanhola) – (A arqueologia viral)
Pharmacia de antigamente

 

A ERA MÉDICA
  • 1945-1970: a transição de modelo – (Após a mortalidade infantil, a atenção se volta para os adultos) – (As “drogas maravilhosas”)
  • As doenças cardiovasculares – (O “novo”. problema das doenças cardiovasculares) – (Inovação terapêutica: a revascularização do coração) – (Redução da mortalidade cadiovascular)
  • O combate aos cânceres – (A difícil luta contra os cânceres) – (As primeiras quimioterapias eficazes) – (O fumo mata 5 a 6 milhões de pessoas por ano) – (O imatinibe: um medicamento consagrado)
  • 1960-2020:  a indústria dos medicamentos – (Estes Kefauver: e a regulação dos medicamentos) – (Os medicamentos biológicos) – (Os medicamentos órfãos) – (Os medicamentos genéricos) – (A era farmacêutica) – (O Caso da esclerose múltipla)
AS TRÊS PROBLEMÁTICAS DA SAÚDE NO SÉCULO XXI
  • Viver três vezes mais. A que preço? – (Por que as mulheres vivem mais do que os homens?) – (10% do PIB para a saúde) – (A ciência econômica da saúde) – (Os gastos da saúde aumentam mais rápido do que a expectativa de vida)
  • As desigualdades de saúde – (Quanto maior a renda, melhor a saúde) – (Os outros determinantes sociais) – (Os limites da epidemiologia social)
  • As doenças crônicas, primeira causa mundial de óbito – (Os quatro riscos comportamentais: fumo, álcool, sedentarismo e sobrepeso) – (Modificar os comportamentos para atenuar as doenças crônicas) – (Os novos riscos ambientais) – (Um óbito em vinte está relacionado à poluição) – (A poluição invisível da química)
SÉCULO XXI: O RETROCESSO
  • A saúde humana em retrocesso – (O recuo da expectativa de vida nos Estados Unidos) – (As overdoses com opioides e os suicídios ) – (O declínio econômico e retrocesso sanitário estão parcialmente relacionados) – (A deterioção  britânica)
  • O impacto do clima na saúde humana – (O clima sempre teve um impacto sobre a saúde) – (Os três mecanismos: fome, infecção e distúrbios sociais) – (As origens climáticas da Peste de Justianiano) – (A preocupação humana com o clima) – (Os efeitos diretos das mudanças climáticas) – (A mortalidade por causas violentas) – (A falta de especificidade) – (O futuro do clima da Terra)
  • As infecções emergentes – (O fim dos micróbios?) – (Os mecanismos do surgimento) – (A era das pandemias) – (A previsão impossível)
  • Conclusão

O autor —Jean-David Zeitoun, francês, é doutor em Medicina e em Epidemiologia Clínica e graduado pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris (Sciences Po). É autor de mais de uma centena de artigos científicos.  Seu trabalho de pesquisa diz respeito à regulação de medicamentos, riscos associados a tratamentos, P&D farmacêutico, economia da saúde, qualidade de atendimento e saúde da população. É autor de mais de 120 artigos científicos, metade dos quais em revistas internacionais. Ele também é revisor de vários periódicos de alto impacto, incluindo o BMJ e o JAMA Internal Medicine. Lecionou na Sciences Po Paris e na Ecole des Hautes Etudes en Santé Publique, e atualmente é membro sênior da ESCP Business School. É cofundador da Inato, startup especializada em estudos clínicos e recrutamento de pacientes. Ele escreve regularmente para mídias de referência como Le Monde e Les Echos.

Detalhes do livro 

História da Saúde Humana – Vamos viver cada vez mais?

Ficha técnica
  • Capa: Alba Mancini
  • Montagem de Capa e diagramação: Gustavo S. Vilas Boas
  • Impressão:  Gráfica Paym
  • Coordenação de textos: Carla Bassanezi Pinsky
  • Revisão técnica: Alexandre Sperlescu
  • Preparação de textos: Lilian Aquino
  • Revisão: Mariana Carvalho Teixeira
  • Marketing: Ronaldo Rodrigues
  • Diretor Editorial: Jaime Pinsky

Editora Contexto —  Desde 1987, a Contexto esteve sempre amparada na missão de diminuir a distância existente entre o saber produzido na Universidade e seus possíveis consumidores, estabelecidos em diferentes pontos da sociedade brasileira. Daí a preocupação, desde o início, de produzir livros de alta qualidade, sempre com uma escrita fluente, clara, agradável. A Editora surgiu, de um modo improvisado na residência e com o sonho amadurecido pelo seu fundador, Jaime Pinsky, ao longo de sua vida como professor da UNESP, da USP e da Unicamp. Após a década de 1990, com a editora já consolidada, chegou o momento de ousar um pouco mais, produzir livros de referência, para a academia, e “livros de livraria” — e só pesquisar os inúmeros títulos no site www.editoracontexto.com.br


 

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