Em 18/09/2023, o DiárioZonaNorte informou do início das obras do ´Bulevar do Rádio´, na região da Av. Paulista, e sugeriu ao jornalista Hamilton Almeida a justa homenagem ao Padre Roberto Landell de Moura — o brasileiro inventor do rádio. A ideia seria fazer gestões junto à Prefeitura de São Paulo — e aos apoiadores SESC-SP e Itaú Cultural — na aprovação da inclusão do nome do inventor brasileiro. A publicação Jornalistas&Cia encampou também a ideia e, de imediato, produziu um abaixo assinado — clique aqui.
21/01/2024 – 163º aniversário de nascimento de Landell de Moura
por Hamilton Almeida — jornalista, biógrafo de Landell de Moura – < Reproduzido da edição n.144 do Jornalistas&Cia. >
O Bulevar é uma iniciativa da Prefeitura de São Paulo, na região da av. Paulista, que conta com o apoio de Sesc-SP e Itaú Cultural. É uma homenagem aos 100 anos de Rádio no Brasil. Por que não também a Landell de Moura?
O próximo domingo, 21 de janeiro, marca o 163º aniversário de nascimento de um gênio cientista brasileiro relativamente pouco conhecido e reconhecido: o padre Roberto Landell de Moura, inventor do rádio. Ele foi o quarto filho de uma tradicional e numerosa família que viveu em Porto Alegre. Não estava destina do a ocupar um lugar comum.
Embora tivesse curiosidade científica e criasse, na juventude dos 16 anos, um telefone – apenas um ano após a invenção de Graham Bell !!! – e uma fórmula química para extrair cáries, o jovem Roberto tinha tudo para não progredir como inventor porque o ambiente social – o Brasil e a Porto Alegre do século XIX – não lhe era favorável.
Mas o destino lhe sorriria. Quando foi estudar no seminário em Roma, matriculou-se também no curso de Física e Química da Universidade Gregoriana. De volta ao Brasil, em 1887, dedicou-se ao sacerdócio e à ciência, em especial às telecomunicações, tema que tanto o fascinava.
E foi assim que, após inúmeras tentativas e erros, com paciência e talento infinitos, ele alcançou o que, até então, era impossível em qualquer canto do mundo: fazer uma comunicação de voz sem fio a distância pela primeira vez! Guglielmo Marconi havia inaugurado a era wireless em 1895, com a invenção do telégrafo sem fio. Mas o italiano transmitiu sinais em código Morse e não a voz.
No dia 16 de julho de 1899, na capital paulista, Padre Landell fez uma experiência pública, cujo êxito repercutiu em três jornais paulistanos e três cariocas.
“Toquem o Hino Nacional”, foram as primeiras palavras ditas por meio do inédito aparelho de rádio. E as testemunhas, atônitas, ouviram o som do Hino pátrio. Tal fato aconteceu entre o Colégio Santana, na zona norte da cidade, e a Ponte das Bandeiras.
No dia 3 de junho de 1900, a experiência foi repetida, desta vez na presença do cônsul britânico, Percy Charles Parmenter Lupton, e a uma maior distância: 8 km em linha reta, entre o Colégio Santana e a Avenida Paulista. O sucesso científico foi sucedido por um desastre, a destruição dos aparelhos por “fiéis” que pensavam que o padre conversava com o diabo…
Ainda assim, patenteou o rádio no Brasil, em 1901, e obteve mais três patentes nos EUA. Mesmo com todo esse aval, as suas invenções nunca mereceram crédito no Brasil. No Rio de Janeiro, não lhe deram a chance de exibir a sua invenção em navios da Marinha. Em São Paulo, a Assembleia Legislativa não aprovou o seu pedido de recursos para lançar o rádio no mercado.
Apesar dos reveses, Padre Landell ainda preparava outra revolucionária invenção, a televisão. Sabe-se que ele chegou a projetar um aparelho para transmitir imagens a distância. Mas a iniciativa não avançou para o experimento por falta de recursos financeiros.
O padre inventor passou mais da metade da sua vida endividado: com o Colégio onde cursou o seminário e, depois, com um amigo norte-americano que o auxiliou no processo de patenteamento das invenções – foram três anos e meio em Nova York, com escassos recursos.
O destino não lhe sorriu mais. Padre Landell seria “forçado” a abandonar os experimentos científicos e a viver como um religioso comum pelo resto da sua vida. O negacionismo científico, como acontece ainda hoje no Brasil, por incrível que pareça, o vitimou.
O Bulevar do Rádio, em fase final de construção na rua Leôncio de Carvalho, no trecho entre a Avenida Paulista e a Alameda Santos, por iniciativa da Prefeitura de São Paulo, com o apoio de Sesc-SP e Itaú Cultural, bem que poderia render uma homenagem àquele que realmente inventou o rádio e o exibiu, inclusive, na avenida que agora é a mais famosa da cidade.
Padre Landell merece esse sorriso póstumo, para ficar na História.
Esforço de nossa parte – que inclui, por óbvio, o apoio deste imprescindível Jornalistas&Cia – está sendo feito, tanto que está no ar um abaixo-assinado encabeçado por nós pleiteando essa homenagem para Landell no Bulevar que está em vias de ser aberto ao público.
Ele já conta com quase 1.300 assinaturas de jornalistas, profissionais de comunicação e outros admiradores de Landell, todos em defesa de imortalizar o nome de Landell nesse espaço cultural charmoso e que será mais uma grande atração da cidade e da Paulista.
Fica aqui, de público, o nosso apelo ao prefeito Ricardo Nunes e aos gestores de Sesc-SP e Itaú Cultural para encamparem esse pleito. Sairemos todos engrandecidos dessa empreitada.
Participe e assine o abaixo-assinado: clique aqui
Saiba mais:
- Bulevar do Rádio precisa reconhecer o inventor brasileiro Padre Landell de Moura – (20/09/2023) – clique aqui
- Exposição no MIS apresenta o Padre Landell, o verdadeiro inventor, e a história do rádio – (01/03/2023) – clique aqui
* Padre Landell, um gênio brasileiro que foi esquecido como inventor pioneiro do rádio – (24/06/2022) – clique aqui
* O rádio nasceu na Zona Norte da cidade de São Paulo -(30/07/2021) – clique aqui
Livros de autoria de Hamilton Almeida:
- Padre Landell – um herói sem glória – Editora Record
- Padre Landell, o brasileiro que inventou o wireless – Editora Sulina
- O outro lado das telecomunicações: a saga do Padre Landell – (Editora Sulina)
