hospital
por Beto Freire (*) — Artigo quinzenal n. 28 – < Cidadania >
Neste mês, a Câmara Municipal de São Paulo (CMSP), vai definir o uso de ocupação do solo da cidade de São Paulo. Essa discussão envolve todo metro quadrado, decidindo inclusive o destino da utilização de cada quarteirão dos nossos bairros e vilas.
A Lei de Uso e Ocupação do Solo, determina o que pode e não pode ser construído a cada quadra da cidade, além de nortear a construção civil, ela possibilita que um espaço seja destinado para áreas verdes, equipamentos de saúde e lazer.
Por exemplo, entre outras coisas, onde está planejada o Metrô com a Linha 19-Celeste vai passar nas Vilas, autorizando ou não a desapropriação de imóveis. Onde ficaram as palavras soltas ao vento com o que poderia ser uma realidade aos cidadãos?
O que se vê e o que se tem
Os distritos das Vilas Maria / Guilherme / Medeiros são compostos verdadeiros cidadãos decentes em 33 bairros e vilas, entre o Carandiru e o Jardim Brasil. Tem uma população flutuante de 200 mil pessoas, e ainda conta com 350 mil habitantes.
Mas olhando mais detalhadamente, são 26 quilômetros quadrados de área total, com apenas um hospital municipal público — que é Vereador José Storópoli, conhecido ´´Vermelhinho´´–, um Centro Educacional Unificado (CEU) — que funciona parcialmente no Parque Novo Mundo –, duas áreas verdes com poucas opções de lazer e lamentavelmente com grande déficit na segurança pública.
A região concentra 30% de seus moradores na melhor idade +60, e mesmo assim não tem praticamente nenhuma política voltada aos seus idosos. Essas pessoas do passado, que nos honram pelas dificuldades e lutas da vida, estão esquecidas e ignoradas por todos os lados.
O que se tira do lugar e o que veio
Nosso pedacinho de São Paulo é responsável por grande parte da arrecadação de impostos e tributos, somos referência para produzir Imposto sobre Serviços (ISS), Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto Predial e Territorial Único (IPTU) enquanto somos invisíveis para a devolutiva desses valores no investimento de politicas públicas.
A última vez que a região recebeu de fato um investimento digno de registro foi em 2006 com a criação do Parque do Trote, anteriormente a ampliação da “Velha Avenida Nova” — que é a Luiz Dumont Villares, na Vila Guilherme, com seus 40 anos — e o Hospital Vermelhinho, na década de 80.
Passados muito tempo, nada além de pintura de guias, escadas, e viário… muita tinta que consome recursos públicos como efeito nulo na qualidade de vida dos nossos vizinhos. Praças que são revitalizadas com uma verba alta e, passados alguns meses, são novamente reenquadradas com mais verbas para ´´novo embelezamento´´.
Olhos para não se enxergar
O comércio é uma das maiores vítimas da falta de atenção do poder público com nossos bairros e vilas, por aqui a clientela foi ficando escassa, lojas tradicionais trocaram os letreiros por placas de ´´vende-se´´ e ´´aluga-se´´. O medo se esconde para não virar noticia de primeira página.
Muitos amigos e vizinhos simplesmente optaram pela mudança, seja para residência ou trabalho, a falta de infraestrutura durante o período de chuvas, a violência e a sujeira causada por falta de zeladoria adequada.
No fim do túnel pode ser o paraíso
Temos bastante espaço para um SESC ou CEU no terreno do antigo Mart Center esquecido no tempo, inclusive temos estrutura no mesmo terreno para um hospital público. A Vila Maria também necessita de uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para melhor atender nossos vizinhos.
A ampliação e modernização do Hospital Vermelhinho é fundamental para a população de Maria/Guilherme/Medeiros. No distrito de Vila Medeiros não existe nenhuma área verde, assim como falta espaços de lazer.
Tantas promessas do passado…tantos projetos engavetados… tanto esquecimento da Zona Norte pelo poder público. As propagandas rolam pelas emissoras de rádio e tv, como isto ou aquilo foram planejados para as eleições do ano que vem. Agora, tudo é bom e perfeito… sem olhar para as ruas, os buracos e outros esquecimentos que são apagados.
No tabuleiro eleitoral, ainda há esperança. É ver o que não foi feito no início e que se torna um fruto do além. Sentindo o mesmo efeito dos que não foram e que nem voltaram. O tempo passa e as mentes sobrevivem com os verdadeiros cidadãos da maior cidade do país e junto às grandes do mundo, que ainda tem uma grande arma: o voto.
Não podemos mais permitir que os nossos jovens tenham que partir para arrumar vagas de trabalho com remuneração digna, que os idosos não tenham atividades e recreação, e que os restante dos nossos vizinhos tenham que viver enjaulados ou fugindo da violência.
É extremamente necessário fazer valer nossos direitos constitucionais de contribuintes e eleitores, cobrando dos vereadores eleitos mais respeito com nossa região.
Enquanto ainda há tempo, ficamos com uma frase atribuída a São Francisco de Assis, que pode ajudar quem fica parado e ainda não agiu como verdadeiro cidadão: ´” Comece fazendo o que é necessário; depois, o que é possível. E, de repente, você estará fazendo o impossível ” .
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(*) Beto Freire — Antônio Roberto Freire é o nome oficial, com batismo de família genuinamente portuguesa, nascido e criado na Zona Norte, nas bandas da Vila Guilherme e Vila Maria. Cronista das Vilas, um apaixonado pela Zona Norte, sendo ativo colaborador há muitos anos do DiárioZonaNorte — escreve quinzenalmente. Com olhar de ativista social, preocupado com a melhor qualidade de vida de todos os moradores, sem distinção, já teve participações em muitas audiências públicas. Por outro lado, foi membro em gestões do Conselho Comunitário de Segurança-CONSEG de Vila Maria, além da presidência da Associação dos Amigos do Parque Vila Guilherme-Trote (PVGT).
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Nota da Redação:
(*) O artigo acima é totalmente da responsabilidade do autor, com suas críticas e opiniões, que podem não ser da concordância do jornal e de seus diretores.
- Fotos gentilmente cedidas por Fernando Garcia – via @dronegru — uma página para os amantes de fotografias aéreas de drone. Um outro ângulo para se ver os lugares.
