- Banhos fora de casa podem causar estresse extremo, convulsões e até parada cardíaca em cães e gatos
Levar o pet ao banho e tosa, para muitos tutores, é um hábito de rotina. Mas por trás do cheiro de shampoo e do pelo macio, pode haver um risco silencioso e perigoso: a chamada Síndrome do Banho e Tosa.
Estudo desenvolvido por alunos de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Brasília (CEUB) alerta que o processo pode desencadear estresse extremo e até crises físicas graves em cães e gatos.

A pesquisa surgiu após o aumento nos relatos de maus-tratos em pet shops e de mudanças comportamentais observadas por tutores. Um grupo de estudantes do curso de veterinária decidiu investigar o problema com a supervisão da professora Francislete Melo.
Segundo o grupo, a síndrome não é uma doença oficializada em manuais veterinários, mas reúne um conjunto de sintomas físicos e comportamentais preocupantes que aparecem após o banho, tosa ou secagem. Tremores, vômitos, apatia, diarreia, convulsões, alterações respiratórias e até parada cardíaca estão entre os sinais mais frequentes.
“Imagine o medo que um cãozinho sente ao ouvir o secador em potência máxima, com gente estranha segurando ele sem o devido cuidado”, explica Lorenzo Moraes Montiel da Silva. Segundo ele, animais com predisposição cardíaca, respiratória ou neurológica estão ainda mais vulneráveis.
Outro alerta da professora é sobre a ausência de dados oficiais sobre a frequência desses episódios no Brasil. Isso dificulta o diagnóstico correto e faz com que muitos casos passem despercebidos até mesmo pelos tutores mais atentos.
Como parte prática do projeto, os estudantes realizaram visitas técnicas a pet shops para identificar boas e más práticas de manejo. O resultado foi a produção de um vídeo educativo mostrando um protocolo seguro de banho.
O conteúdo viralizou nas redes: mais de 187 mil visualizações e 30 mil curtidas no TikTok (ver abaixo) , além de grande repercussão no Instagram. O grupo também criou um panfleto digital com dicas e alertas, disponível nos perfis @vidaadevet.
O estudante Lorenzo reforça que os tutores devem observar sempre o comportamento dos pets antes e depois do atendimento. “Se o animal sai de casa agitado e volta apático, com tremores ou diarreia, é sinal de alerta. O tutor conhece o seu pet melhor que ninguém e deve confiar nos sinais que o bichinho dá.”
O estudo também identificou os principais erros cometidos tanto pelos tutores quanto pelos estabelecimentos. Muitos escolhem o pet shop apenas pelo preço ou pela proximidade de casa, sem avaliar a estrutura, a formação da equipe ou o ambiente.
Por outro lado, alguns locais não investem em qualificação, usam equipamentos inadequados ou deixam de adaptar os procedimentos ao perfil emocional de cada animal.
Para os autores do estudo, o papel do médico-veterinário vai além das consultas de rotina. “Cabe a nós também orientar os tutores sobre cuidados diários, incluindo a escolha de um bom pet shop e o reconhecimento de sinais de sofrimento emocional”, destaca a estudante Ana Carolina Resende Ribeiro.
Dicas para escolher um pet shop seguro:
- Equipe com formação técnica em comportamento animal;
- Ambientes silenciosos e sem aglomeração de pets;
- Protocolos de atendimento individualizados;
- Disponibilidade de acompanhamento por câmeras ou presença do tutor; e
- Transparência e disposição para esclarecer todas as dúvidas.
Em caso de sintomas como respiração ofegante, agressividade súbita, febre ou convulsões, a orientação é procurar imediatamente um médico-veterinário de confiança.
(*) O grupo formado pelos estudantes Ana Carolina Resende Ribeiro, Isabelle Silva Resende, Lorenzo Moraes Montiel da Silva e Emanuella Oliveira Mady.
Assista ao vídeo postado pelos alunos no Tik Tok:
@estercarv4lh0 Já ouviu falar da Síndrome do banho e tosa? @vidaadevet
<<Com apoio de informações/fonte: Máquina Cohn & Wolfe >>