da Redação DiárioZonaNorte
<< Em Primeira Mão >> == O Terminal de Ônibus integrado à Estação Santana do Metrô está passando por uma série de ajustes exigidos pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP).
As mudanças fazem parte de um Termo de Compromisso de Ajustamento de Conduta (TCAC) firmado em 2022 entre o CONPRESP e o consórcio UNITAH Empreendimentos e Participações SPE S/A — responsável pela administração e exploração comercial da área.

Bem tombado
Na época da concessão da área, não foi considerada a importância histórica do Terminal Santana, que está localizado em uma zona envoltória de bem tombado — no caso, as estruturas de concreto da alça de acesso da Estação Santana do Metrô. Por isso, qualquer intervenção no local precisa seguir regras definidas pelo CONPRESP para preservar a paisagem.

Em 2021, o Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) notificou a chamada Praça UNITAH — conjunto de quiosques comerciais instalados em 2020 no local — após uma denúncia anônima que apontava irregularidades na área tombada. A partir disso, foi firmado um TCAC entre o consórcio e os órgãos de preservação.

Adequações
Seguindo o TCAC, dos 110 quiosques instalados na área, cerca de 60 foram removidos por estarem muito próximos às estruturas tombadas, conforme recomendação do DPH.
Os 50 quiosques restantes, localizados na lateral que faz frente à Avenida Cruzeiro do Sul, deverão ser retirados dentro de um prazo de 36 meses — contados a partir da aprovação do projeto do futuro shopping pelo CONPRESP e pelo DPH.

A concessionária UNITAH também elaborou, como parte do acordo, um projeto de restauro da área afetada. O projeto foi desenvolvido pelo escritório Rogado Arquitetos e entregue à Prefeitura em abril de 2025, aguardando aprovação.
Entre as medidas previstas no projeto estão:
- remoção das bases de concreto onde estavam os quiosques,
- recuperação do piso danificado,
- retirada de fitas asfálticas e resina brilhante aplicadas sobre a estrutura tombada (serão substituídas por materiais mais adequados),
- substituição de um banco de concreto por uma floreira que já ocupava esse espaço,
- e compromisso de manter a limpeza da estrutura até o fim do contrato de concessão, em 2049.
Concessão por 30 anos e repasse de receitas
A concessão foi firmada em 2019, quando o consórcio liderado pelo Grupo Rezek venceu a licitação para administrar e explorar comercialmente 13 terminais de ônibus integrados a estações do Metrô — por onde circulam cerca de 1,5 milhão de pessoas por dia.
O contrato, estabelecido pelo Governo do Estado durante a gestão João Doria (PSDB), prevê o repasse de parte das receitas ao Metrô de São Paulo. Pela outorga do Terminal, o Metrô recebeu concessãoR$ 11 milhões.
Sujeira e escuridão
Entre as obrigações da concessionária estão a segurança, zeladoria e limpeza da área. Diariamente chegam a nossa redação, reclamações de leitores que são usuários do Terminal, sobre a sujeira no entorno dos quiosques – incluindo mal cheiro (que é preocupante, considerando que algumas das operações instaladas ali, envolve alimentos), escuridão no terminal, com iluminação insuficiente e várias lâmpadas queimadas.
Outros terminais
Além do Terminal Santana e do Terminal Parada Inglesa (Linha 1 -Azul), o consórcio também administra terminais nas estações Ana Rosa e Armênia (Linha 1 – Azul) e mais nove terminais da Linha 3 – Vermelha: Artur Alvim, Patriarca/Norte, Vila Matilde/Norte, Penha/Norte, Carrão/Norte, Carrão/Sul, Tatuapé/Norte, Tatuapé/Sul e Brás.
Desses 13 terminais, 7 têm potencial de verticalização e poderão receber futuramente empreendimentos como shoppings, academias, hospitais e prédios comerciais ou residenciais. Na Linha Azul, apenas o Terminal Santana possui essa possibilidade.

Shopping Santana
O primeiro projeto para a construção do Shopping Santana, de autoria do arquiteto Jayme Lago Mestieri, foi reprovado pelo CONPRESP por não respeitar a área tombada do Metrô. Lembrando que não é função do órgão se manifestar sobre o impacto ambiental do projeto – como o aumento do trânsito local.
Somente em novembro de 2022, após diversas reuniões, o CONPRESP autorizou a continuidade dos de estudos de viabilidade para a construção de um shopping center na área do terminal. .
Quase mil dias depois da publicação da decisão no Diário Oficial da Cidade, o parecer estabelece diretrizes rígidas para proteger o patrimônio histórico, diferente do que foi apresentado no primeiro projeto do empreendimento. Entre as exigências estão:
- o novo edifício deve ficar suficientemente afastado da estação para não comprometer sua visualização e o entendimento do projeto original,
- a ligação entre shopping, terminal de ônibus e estação deve ser feita preferencialmente pelo subsolo,
- a nova construção deve ter características arquitetônicas diferentes da estação tombada — evitando materiais que imitem o concreto original,
- e as áreas livres e ajardinadas ao redor da estação, especialmente as voltadas para a Avenida Cruzeiro do Sul, devem ser mantidas sem construções.

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