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Imirim: da roça ao progresso — 192 anos de história, memórias e desenvolvimento na ZN

Imirim - Foto: Google Earth
Tempo de Leitura: 5 minutos

 

da Redação DiárioZonaNorte
  • Antigamente, o bairro do Imirim era conhecido como “Terra dos Índios” por ter sido habitado por indígenas até a década de 50;
  • Depois vieram os imigrantes, com destaque aos italianos, portugueses, japoneses e lituanos – principalmente após a II Guerra Mundial; e
  • É conhecido por sua Festa Junina do Meirelles, que atrai pessoas de toda a Zona Norte e é uma tradição com mais décadas.

O Imirim, bairro da Zona Norte de São Paulo, completa 192 anos nesta 3a. feira (13/05/2025) carregando em suas ruas um mosaico de tradições, transformações e resistência urbana.

De origem rural, o bairro nasceu no século XIX (1833) como uma rota de tropeiros e local de sítios isolados, tendo como um de seus marcos iniciais a doação de terras para a criação de uma capela.

Desde então, o que era um território de chácaras e lavouras se consolidou como um bairro vivo, urbano, marcado por forte presença da cultura dos imigrantes europeus e por um movimento constante de crescimento econômico e social.

As raízes do bairro remontam ao casal de portugueses José da Costa Guimarães e Maria Francisca da Cruz doou parte de suas terras para que fosse construída uma capela dedicada a Santo Antônio – hoje Igreja de Santo Antônio do Imirim, também conhecida como Paróquia Santo Antônio de Lausanne.

Imirim História Desenvolvimento
Paróquia Santo Antônio – Foto: Divulgação
O lado religioso

O templo, ainda existente, é um símbolo da fé e da organização comunitária que começava a tomar forma. Os primeiros moradores eram em sua maioria portugueses, depois vieram os italianos e alemães, atraídos pelas possibilidades da lavoura e pela promessa de um novo começo no Brasil.

Suas influências ainda podem ser percebidas nas festas, na arquitetura das antigas casas térreas e nas receitas tradicionais que persistem em padarias e mercearias do bairro.

Durante boa parte do século XX, o Imirim manteve uma estrutura semi-rural. Suas ruas de terra e a presença de pequenos sítios tornavam o ambiente propício à agricultura familiar.

Com a industrialização da cidade e a expansão do perímetro urbano, o bairro começou a se verticalizar. Na década de 1970, a chegada de infraestrutura pública, como asfalto, iluminação e linhas de ônibus, transformou o cotidiano da população.

Imirim História Desenvolvimento
Shopping Partage – Foto: Divulgação
O lado econômico

Hoje, o Imirim é um bairro multifacetado. Em suas ruas, convivem comércios populares e lojas especializadas, além de pequenos polos industriais e serviços variados. O bairro soube adaptar-se às mudanças da economia paulistana.

Seus galpões, que antes abrigavam pequenas fábricas de móveis e metalúrgicas familiares, deram lugar a oficinas mecânicas modernas, lojas de e-commerce e centros de distribuição de produtos digitais.

Ainda assim, o comércio tradicional de rua segue forte, especialmente nas avenidas Imirim e Engenheiro Caetano Álvares, com farmácias, açougues, salões e estabelecimentos familiares passando de geração em geração.Imirim História Desenvolvimento

Mais progresso

O progresso também se reflete na paisagem urbana. O bairro passou a atrair empreendimentos imobiliários voltados para a classe média. Conjuntos residenciais modernos surgiram onde antes havia terrenos baldios ou casas antigas.

Mesmo com a  verticalização, o Imirim ainda guarda a atmosfera de bairro, com praças frequentadas por idosos e crianças, feiras-livres movimentadas e uma rotina que mistura o urbano com o comunitário.

Na área da educação e cultura, o bairro abriga escolas tradicionais como o Colégio São José do Imirim e centros culturais ligados à Prefeitura.

Hospital São José – Foto: Divulgação
O povo unido

A mobilização dos moradores também resultou na preservação de espaços históricos, como a própria Capela de Santo Antônio e o cemitério do bairro, onde estão enterrados alguns dos primeiros moradores imigrantes.

Entre as memórias mais vivas dos antigos moradores, há histórias sobre festas juninas organizadas por famílias italianas no entorno da igreja e bailes na Sociedade Amigos e Colaboradores do Imirimdo (S.A.C.I), fundada em 1945 — e continua até hoje com muitas atividades sociais e esportivas — , e até a chegada dos primeiros bondes elétricos à região, que eram recebidos como símbolos de modernidade.

Famílias descendentes de alemães ainda conservam documentos e fotos de antepassados que chegaram no início do século XX, fundando padarias, serralherias e pequenas oficinas.

O aspecto econômico atual do Imirim tem se diversificado com a digitalização dos negócios. A presença de pequenos empreendedores que utilizam redes sociais e plataformas de entrega movimenta a economia local.

Mapa – Google
Localização estratégica

Além disso, a localização estratégica do bairro, próximo às marginais e ao centro expandido da cidade, favorece empresas de logística e armazenamento, que começaram a instalar galpões e escritórios na região.

Os desafios também acompanham o crescimento: o trânsito nas principais vias, a carência de áreas verdes mais preservadas e a necessidade de melhorar o saneamento em alguns pontos do bairro são demandas presentes. Ainda assim, o senso de pertencimento e a força da comunidade local são marcas que se mantêm firmes.

Imirim chega aos seus 192 anos como um bairro que respeita sua história sem deixar de avançar. O chão que um dia recebeu os passos dos imigrantes e tropeiros hoje sustenta as rodas da economia urbana.

O Subprefeito de Santana / Tucuruvi / Mandaqui, Magal Guerra, com suas raízes na Zona Norte, declarou: “É com grande alegria que celebramos mais um aniversário do bairro do Imirim, que caminha para dois séculos. Tenho muito orgulho de acompanhar de perto o crescimento dessa região tão importante da Zona Norte.  Reafirmo que as portas do meu gabinete estão sempre abertas para ouvi-los e trabalhar juntos por uma região cada vez melhor”.

E no caminho de mais desenvolvimento, o futuro do Imirim é urbano, plural e carregado da memória de quem o construiu tijolo por tijolo, terra por terra.


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