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da Redação DiárioZonaNorte
O Jardim Peri, bairro da Zona Norte de São Paulo, completa 74 anos nesta 4ª feira (07/05/2025). A região, hoje consolidada, nasceu entre dificuldades. Ele é conhecido por ser um dos bairros residenciais mais populosos da região, com cerca de 100 mil moradores.
Nas primeiras décadas, predominavam áreas de mata fechada, terrenos acidentados e ausência de infraestrutura básica. Não havia ruas asfaltadas nem calçamento adequado, e as poucas vias existentes eram intransitáveis em épocas de chuva.
A formação do bairro começou com o desmembramento de duas antigas fazendas da região, cujas terras pertenciam a Pery Ronchetti, industrial e vereador em São Bernardo do Campo.
Quem foi Pery Ronchetti
Ronchetti, nascido em 3 de abril de 1901, em Petrópolis (RJ), era filho de italianos. Em 1925, casou-se com Miriam Caligiore Ronchetti, com quem teve a filha Aída. Foi proprietário da Tecelagem Aída S/A, especializada na confecção de tecidos para guarda-chuvas.
Reconhecido como um dos pioneiros da industrialização em São Bernardo do Campo, faleceu em 1976, aos 75 anos. A área que deu origem ao Jardim Peri foi loteada oficialmente em 7 de maio de 1951, quando foi lavrada a certidão de registro de imóveis, data hoje reconhecida no calendário oficial da cidade de São Paulo por meio da Lei nº 12.030.
Entre glebas e ruas
O loteamento dessas terras começou por volta de 1940. Os primeiros compradores eram moradores das regiões da Casa Verde e do Peruche, que buscavam escapar das recorrentes enchentes do Rio Tietê.
No início, muitos terrenos foram convertidos em pequenas chácaras. A ocupação seguiu de forma gradual, com famílias formando comunidades e dando início a uma nova etapa de urbanização.
Oficialmente, a região foi dividida em 32 glebas, 24 ruas, uma avenida, uma praça e duas vielas. O progresso teve início pela Avenida Pery Ronchetti, hoje principal eixo comercial do bairro, que foi oficializada por decreto em 1966, sancionado pelo então prefeito Faria Lima.
Sabesp ajudou a região
O verdadeiro impulso ao crescimento do bairro veio na década de 1970, com as obras da Sabesp para instalação da tubulação do Córrego Guaraú. O projeto atraiu trabalhadores de outros bairros, que passaram a viver em alojamentos provisórios.
Esses espaços, inicialmente informais, transformaram-se em favelas, depois vilas e, por fim, em núcleos urbanos organizados. Ainda na década de 1950, o bairro ganhou sua primeira linha de ônibus, ligando o Jardim Peri ao centro da capital.
Outros fatores que contribuíram para a mobilidade local foram a estação do Trem da Cantareira (Tramway), localizada no bairro vizinho Pedra Branca, que à época era o principal meio de transporte na Zona Norte paulistana. A linha férrea atendeu à população até sua desativação, sendo fundamental na integração da região com outros pontos da cidade.
Jardim Peri hoje
Atualmente, o Jardim Peri é um bairro de perfil residencial, pertencente ao distrito de Vila Nova Cachoeirinha, sob administração da Subprefeitura Casa Verde / Cachoeirinha / Limão.
Sua principal avenida, a Pery Ronchetti, concentra estabelecimentos como supermercados, padarias, açougues, bazares, academias e outros comércios locais. O bairro conta ainda com igrejas católicas e evangélicas, escolas públicas e particulares, UBS, AMA 24h, agências bancárias e diversas linhas de ônibus que ligam a região a pontos estratégicos da cidade.
A localização privilegiada, próxima ao Horto Florestal e à Estrada da Roseira, que leva a Mairiporã, proporciona opções de lazer e esporte ao ar livre. A presença do Rodoanel Norte nas também é vista como um vetor de crescimento futuro.
As personalidades locais
O Jardim Peri também se destaca pelas histórias de vida de seus moradores. Entre os mais conhecidos está o jogador de futebol Gabriel Jesus — descoberto no Palmeiras e hoje no time inglês do Arenal — , nascido e criado na comunidade. Sua mãe, Vera, criou os filhos sozinha e sempre destacou o papel da família na trajetória do atleta.
Outra figura relevante foi Antonio Dias da Silva, pioneiro no local, que abriu o primeiro armazém da região em 1950 atuando em lutas por melhorias.
O bairro também foi berço de Francisco Carlos de Jesus, o Chiquinho de Jesus, boxeador medalhista pan-americano e ex-atleta olímpico, que nasceu no Jardim Peri em 1956. Ele participou dos Jogos Olímpicos de 1976 (Montreal) e 1980 (Moscou), além de ter disputado o título mundial dos médios-ligeiros em 1989, em Las Vegas. Hoje, aos 68 anos, Chiquinho é professor de boxe e referência no esporte.
Histórias como essas se somam às de famílias da comunidade do Córrego do Bispo, que enfrentaram despejos e resistiram em condições adversas. Por outro lado, em fevereiro deste ano, a Prefeitura inaugurou o Parque Linear Córrego do Bispo, com área total de 1.205.270,61 m2, em cinco núcleos, que oferece contemplação, lazer e atividades esportivas, com boa infraestrutura.
O Jardim Peri é, portanto, um bairro construído com base na migração, na luta, na identidade coletiva e na força de seus habitantes. Uma comunidade que transforma dificuldades em oportunidades e mantém viva a memória de seus 74 anos de existência.
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