Na platéia, cerca de 350 pessoas aplaudindo de pé. E as palmas correram por quase dois minutos. Não paravam… Sem gritos, assobios. Palmas de agradecimento, emoção, admiração… ressoaram por todo o belo auditório do Teatro Fernando Torres mantido pelo Colégio Agostiniano Mendel, no Tatuapé. No palco, depois do espetáculo de uma hora, o autor e ator de “Cândido – Uma poética espiritual”, Aguinaldo Gabarrão agradecia incessantemente e com as mãos fechadas e apertadas, curvava o corpo em sinal de respeito ao seu público e demonstrava em seu rosto a alegria da missão cumprida.
O público reverencia === E o ator não se conteve… foi aos camarins e se trocou rapidamente… e logo saiu para os abraços e palavras de carinho, no hall de entrada do teatro. Uma fila enorme movimentava-se devagarinho para chegar até o ator. Muitos abraços apertados e conversas de alegria. Um momento especial e de grande emoção foi o encontro com o pai, Nelson Gabarrão. Um abraço superapertado, um carinho imenso, quase faz correr algumas lágrimas do ator.
Técnica Apurada === No palco, em única apresentação no Teatro Fernando Torres, Gabarrão demonstrou uma técnica invejável e uma preparação corporal apurada, que contou com a ajuda do preparador corporal Fabiano Benigno.
Sete personagens e dois mundos === O texto de autoria de Aguinaldo Gabarrão e direção de Fábio Caniatto é um monólogo de ritmo intenso, onde sete personagens dialogam entre si, traçando uma narrativa entre o mundos material e espiritual. Em Cândido – Uma Poética Espiritual, Gabarrão resgatou um Chico Xavier até então desconhecido do grande público, com sonhos e dilemas nas diversas fases de sua vida: a criança, o jovem e o adulto.
O espetáculo utilizou recursos cênicos no mínimo, geniais. Os livros estrategicamente distribuídos no palco, a luz, a sonoplastia, transportaram os expectadores para o universo de Chico Xavier. Há momentos que dá-se a impressão de ver reações de um Chico Xavier transfigurado no rosto do ator. Ele faz e desfaz em cena… E emociona. O figurino leva a assinatura de Ana Griz, que na vestimenta simples conseguiu refletir o universo solitário do personagem Cândido.
Uai, cadê ocê, Isé!? Fui tomá chá de pé de cachorro! === Os personagens surgem nas vozes do caipira mineiro e no guia espiritual. Cada qual tem o seu jeito de falar. No meio de tudo, está o personagem central, falando e usando os linguajares diferenciados, uai e né, que vivem juntos com outras expressões mostrando as fases da criança, do jovem e do adulto. Em busca da estrela, os sonhos e dilemas. Não tem como não se emocionar com as mensagens. Elas chegam no jeito para cada espectador. O importante é estar junto.
Uma pena, agora é só esperar o espetáculo entrar em cartaz em outro teatro da cidade, quem sabe bem próximo da gente, aqui em Santana, na Zona Norte. Aguarde novidades!
Mas para não ficar sem o ritmo de Aguinaldo Gabarrão, esse sujeito e grande teatrólogo da Zona Norte/Nordeste, que caminha pelos cantos do Jaçanã e outros bairros da região, vamos assistir o vídeo que serviu de chamada para a única apresentação no Tatuapé:
https://www.youtube.com/watch?v=KD2fsriq2vs